Nós, há dez anos
Duarte Fonseca: «Lembro-me perfeitamente da sensação que tive quando vi Romagnoli a jogar de verde e branco pela primeira vez. Um jogador fino, com boa técnica individual, um 10 clássico, com uma forma de interpretar o jogo muito própria, mas fisicamente lastimável. E, como se sabe, a condição física é indissociável do rendimento desportivo. Assim que El Pipi se começou a apresentar melhorias no seu estado físico, a qualidade apareceu. E não era pouca. Tudo em Romagnoli era artístico, desde a forma como recebia a bola, a forma como aparecia e ocupava os espaço, passando pela sua estranha forma de correr e pelas longas discussões que gerava entre os que o defendiam (diria mais, entendiam) e os que o atacavam. Classe, talento e inteligência. É desta forma que defino Romagnoli.»
Filipe Arede Nunes: «Durante vários anos fui assistindo, sempre que passavam na televisão, aos jogos. Por vezes (embora nunca tenha gostado e hoje nunca o faça) ouvia os relatos no rádio. À medida que fui ficando mais velho fui convencendo cada vez mais vezes o meu pai a levar-me ao estádio e, como não poderia deixar de ser, acabámos por comprar três cativos na antiga bancada nova (entretanto o meu irmão já se tinha juntado à festa), o equivalente aos lugares especiais que temos no novo estádio. Nos dias de hoje vivo o sportinguismo da mesma maneira que sempre vivi, de forma intensa, apaixonada e vibrante. Tenho até dificuldade em compreender que se possa viver este clube de forma diferente. Agradeço ao Pedro Correia o convite para participar no És a nossa Fé, blogue que há muito acompanho e no qual me revejo. Espero estar à altura dos restantes sportinguistas que aqui escrevem.»
João Paulo Palha: «Vítor Damas. O nosso extraordinário guarda-redes constituiu-se, para mim, atreito como sou a tiques idólatras, numa figura única na história do futebol nacional e do Sporting. A sua fantástica elasticidade, técnica individual, inclusivamente no momento de sair a jogar com os pés, capacidade de comando dos homens à sua frente, visão de jogo, vontade de fazer bem e de ganhar e praticamente quase todos os atributos que fazem os grandes guarda-redes transformaram-no, auxiliados por incontáveis defesas monumentais e exibições inesquecíveis, até em jogos em que o nosso clube foi goleado, num modelo irrepetível de jogador talentoso e hábil, generoso e de inexcedível dedicação ao futebol e ao clube.»
Marta Spínola: «Cresci, claro, a saber que aquele era o guarda-redes do Sporting, vi-o várias vezes jogar, mas nessa altura, ou nesse jogo, não era Damas o titular. Rodolfo Rodriguez (por isso eu teria 12, 11 anos) devia estar a fazer uma exibição tão boa ou tão má, que me lembro da bancada central chamar naquele tom baixinho mas assertivo: "Da-mas Da-mas". Na altura aquilo pareceu-me um bocadinho malcriado, mas a verdade é que não me lembro de ver uma bancada pedir para entrar um guarda-redes.»
Tiago Cabral: «A prometida auditoria à gestão do nosso Sporting está em andamento, a empresa está a ser seleccionada, mas pela informação disponibilizada qualquer pessoa, mesmo sem quaisquer conhecimentos básicos de gestão, pode verificar que o fito dos anteriores órgãos sociais do nosso Sporting nunca foi o engrandecimento desta nobre instituição. Outra meta teriam em vista, felizmente foram travados a tempo. É incompreensível que o órgão estatutário que valida as contas apresentadas o tenha feito sem quaisquer reparos. Reafirmo, é incompreensível. Ultrapassa qualquer lógica.»