Nós, há dez anos
Adelino Cunha: «Parece que Vieira só tem acordos para treinadores que ganham e Jesus só aceita acordos quando perde. Será mais fácil fazerem o óbvio: Jorge Jesus ruma ao Porto e evita ser despedido quando perder o primeiro jogo no Benfica. Basta ligar ao Fernando Santos para saber o que dói. E nós? Nós os falidos? Nós os que quase desceram de divisão? Nós que andámos a levar porrada o ano inteiro? Nós que destituímos um presidente inepto? Nós que estamos reféns da banca? Bem, nós contratámos um treinador. Nós contratámos um novo jogador. Nós abrimos o processo para receber pela venda aciganada do João Moutinho. Nós por cá parece que vamos bem.»
Eu: «Fábio Coentrão, vestido de branco, não conseguiu ser campeão em Espanha. Mas procurou compensar o fracasso empurrando para o pódio os que por cá trajam de encarnado. Em vez de bola, serviu-se de palavras. Demonstrando assim que é mais hábil com os pés do que com a língua: a frase dele que serviu para a garrafal manchete do Record de 8 de Maio pode ter acertado em cheio, mas equivocou-se na data: este ano, em matéria de troféus, a Luz ficou às escuras. Fernando Gomes, ex-artilheiro do Porto, gostava de comparar cada golo a um orgasmo. Já o remate verbal de Coentrão funcionou como uma ejaculação precoce. Apetece recomendar-lhe que redija a próxima mensagem ao som do Bolero de Ravel.»