Nós, há dez anos
Adelino Cunha: «Não é a primeira vez que Pinto da Costa tenta vender João Moutinho em pacote. Na verdade, nunca, mas nunca, se falou numa venda isolada de João Moutinho. Este rapaz deve ser o único jogador do mundo que não pode ser vendido sozinho. Anda sempre atrelado a alguém. Deve ter medo de atravessar a rua sozinho ou de ficar no escuro, não é? Nós sabemos porquê. Vendam lá a maçã, mas paguem o que devem ou temos de chamar a polícia?»
Alexandre Poço: «Crentes ou não, oremos por este rapaz. Deus é misericordioso.»
Diogo Agostinho: «Muita atenção nas maroscas que por aí andam. Se há coisa que o Montinho pode fazer, para lá das palavras de querer um Sporting de volta, é que nos dê um cheque chorudo, com cheirinho a Vodka de Mónaco. As considerações que fiquem para ele.»
Pedro Quartin Graça: «Querer poupar não só é necessário como é também legítimo e útil. Mas anunciar cortes de 50% é ir longe de mais e comprometer as modalidades em si mesmo. De Vicente de Moura nunca se esperou grande coisa, atentos os antecedentes da personagem. Mas o que não se esperava era que a sua primeira medida fosse a de se assumir como o "Vitor Gaspar" de Alvalade e "cortar a direito", de forma absolutamente cega. Recorde-se que o Sporting não é só uma equipa de futebol. É um clube com um conjunto de modalidades que lutam, todas elas, debaixo do mesmo símbolo!»
Tiago Cabral: «Ontem Pinto da Costa foi entrevistado na RTP1. Sentado com pose de estadista foi desfiando trivialidades ao gosto da entrevistadora, mais encantada por ali ter o presidente do porto do que cumprir o seu papel de jornalista. O homem que domina o futebol português nos últimos trinta anos está agora a tentar adquirir, ou impor, uma imagem de um porto mais nacional. Que não, não concorda com a tese de uma guerra norte-sul, pois agora isso só prejudicaria o fcporto. Temos assim o Pinto da Costa do costume, o fcporto acima de tudo. Da ética desportiva, da seriedade, de quaisquer valores. Um homem sem princípios, sem qualquer respeito pelos outros, está agora revestido com uma capa de um suposto homem sério, culto até. A sua boçalidade é tanta que julga ele que os portugueses são um reflexo dos gangs que o rodeiam.»
Tiago Loureiro: «A propósito da venda de um certo jogador - sobre a qual temos direito a 25% da mais-valia - abaixo do preço esperado, aconselho-vos a não se queixarem do fcporto. O que os seus dirigentes fizeram foi exactamente aquilo que eu espero que os dirigentes do meu clube façam sempre: encontrar maneira de beneficiar o mais possível o seu clube, dentro da legalidade. Só por estupidez ou ingenuidade poderíamos esperar que o fcporto se preocupasse em salvaguardar o melhor para o Sporting quando isso corresponderia a não salvaguardar o melhor para si mesmo.»
Eu: «Um clube que se orgulha de ter como sócio número dois o professor Mário Moniz Pereira, justamente reverenciado por gente de todos os quadrantes desportivos em Portugal, é também o que concede cartões de associado a figuras destituídas dos mais elementares parâmetros éticos que são incapazes de aceitar com um mínimo de fair play uma derrota nas urnas, comportando-se perante os dirigentes recém-eleitos do próprio clube como qualquer horda de hooligans dos subúrbios londrinos.»