Nós, há dez anos
Adelino Cunha: «Julgava eu estar a dormitar quando senti uma pata enorme e pesada cair com estrondo perto do meu frágil corpo de insecto. Eu disse estrondo? Não: um valente trovão. Olhei para cima, mas tudo o que vi foi uma sombra disforme. Enchia toda a pocilga: um verdadeiro eclipse em pleno meio-dia. Tremi como nunca se viu um mosquito tremer. Se os mosquitos tivessem coração, eu teria tido não um, mas três ou quatro ataques cardíacos. Quem sabe mais até. Estava eu naquela tremideira quando toda aquela calamidade de massa anunciou o fim do Sporting e se preparou para dar um salto, mas desta vez para cair sobre as duas patas. Eu sabia: com as duas patas, era o fim. Só a deslocação do ar seria suficiente para eu sufocar (isto, se tivesse pulmões, claro, mas eu achava que sim, que tinha). Foi por isso que tentei dar uma pirueta dali para fora, mas só então percebi que estava a dormir. Sim, a dormir um sono de mosquito.»
Eu: «Acho graça àqueles que se mostram muito escandalizados com o clima de "especulações" a propósito da entrada e saída de jogadores enquanto revelam toda a compreensão do mundo perante uma direcção que nada esclarece aos associados e adeptos sobre esta mesma matéria - ao ponto de termos sabido da transferência do Insúa pelo site oficial do Atlético de Madrid, como o Eduardo Hilário já aqui assinalou. Vários dias depois, toda a informação disponível continua a existir só lá, pois aqui reina ainda o silêncio enquanto a especulação sobre os contornos da transferência se adensa.»