Nós, há dez anos
Adelino Cunha: «A história do Sporting é uma história de grandes vitórias em todas as modalidades. O Sporting será sempre candidato a ganhar tudo. Aqui, acho que descuidei-me um bocadinho: disse em todas as modalidades. A equipa de futsal é candidata a conquistar todos os títulos nacionais e internacionais? Sim, sem dúvida: porque há anos só sabem ganhar. As equipas de atletismo são candidatas conquistar todos os títulos nacionais e internacionais? Sim, sem dúvida: porque há anos que só sabem ganhar. As equipas de natação são candidatas a conquistar todos os títulos nacionais e internacionais? Sim, sem dúvida: porque há anos que só sabem ganhar. A equipa de futebol é candidata a conquistar todos os títulos nacionais e internacionais? É por causa destes exercícios parvos de retórica que eu não me levo a sério. De que tamanho será o meu cérebro se disser que não somos candidatos ao título porque deixámos de estar habituados a ganhar? Uma casca de noz? Uma inflamação tipo caroço de azeitona? Sim, o Sporting é candidato. A equipa, não.»
Duarte Fonseca: «Saíram os dois melhores centrais do plantel, ficou aquele que já era o pior e os contratados deixam muito a desejar. No entanto, é irrelevante, nesta fase, discutir os jogadores que constituem o plantel. Mas não é irrelevante perceber que os erros individuais são o principal contributo para o facto de não termos alcançado os resultados que queríamos. Colectivamente a equipa apresenta-se muito bem, os princípios de jogo são bons, mas Marco Silva não controla os golos que se falham, a falta de qualidade dos centrais a sair com bola (para não falar do completo desconhecimento de noções de jogo), entre outras.»
Edmundo Gonçalves: «Marco Silva também tem que ser referenciado. Demorou a perceber que João Mário é mais importante para o jogo da equipa que André Martins; Demora a começar a implementar o seu estilo de jogo, que já se percebeu que não se entende com o de Jardim, a quem até venceu com um banho de táctica na ultima jornada do campeonato passado; fez uma última substituição incompreensível, que terá também contribuído para o golo adversário!»
José Navarro de Andrade: «Ontem é que me lembrei onde já tinha visto este Sporting – era o de Mirko Josic. Também nesse tempo a equipa jogava um futebol de cristal, fino e frágil, que enchia o campo de pormenores cintilantes, segurava o fio de jogo como uma Ariadne à porta do labirinto e dava gosto vê-lo. Só havia que não dar atenção ao resultado final. Delfim e Duscher eram dois êmbolos no centro, com Vidigal e Barbosa (quando lhe apetecia) a suplementá-los. Um miolo tão poderoso que no ano seguinte foi campeão. Nas alas voavam, imparáveis, Edmilson e aquele rapazola que foi vendido ao Barcelona, cujo nome agora não me ocorre. Arcos, botantes e ogivais, eram lançados deste pilares para a pequena-área, onde o simpático e esforçado Iordanov se limitaria a marcar 13 golos nessa época e o avejão do Krpan, que tinha as botas tão trocadas como os olhos, faria o favor de não superar os 3 golitos em 27 jogos.»
Eu: «Sim, foi um balde de água gelada. Porque consentimos o empate no último lance de jogo quando já antevíamos a vitória, aliás merecida. Estamos todos irritados - e com razão. O que não entendo é o regresso das habituais proclamações catastrofistas, como se este empate em terreno alheio ao fim de cinco anos e meio de ausência da Liga dos Campeões fosse um cataclismo. Até já nem falta quem queira tirar William Carvalho do onze titular, imagine-se, alegando que o nosso médio defensivo nada fez no desafio contra o Maribor. Ou a confusão foi minha ou não devemos ter visto a mesma partida.»