Nós, há dez anos
Adelino Cunha: «Mourinho quer valorizar a festa do Sporting quando jogar em Alvalade. Mourinho quer valorizar a festa do Sporting como o Sporting valoriza a festa no Casa Pia ou no Fofó. Mourinho quer valorizar a festa em Alvalade como os romanos valorizavam os cristãos quando os metiam no coliseu com os leões. É nisto que Mourinho também é muito bom: injecções de hiprocrisia. Foi assim que apareceu antes de um jogo contra o Sporting a dizer quem vier a seguir morre após ter perdido um jogo europeu com o Porto. Como se não soubesse quem vinha a seguir.»
Ricardo Roque: «Não sei o que se passa, mas passa-se qualquer coisa. Não é normal a jóia da coroa não gerar títulos na formação. Aconteceu o ano passado. Os diversos escalões somaram empates e derrotas inexplicáveis e este ano não se vislumbram melhorias. Antes pelo contrário. Ainda hoje os Juvenis perderam com o Real Massamá, na semana passada foi com o slb, os Juniores já perderam em Alcochete com o Estoril.»
Eu: «Há um lado quixotesco em certa imprensa que me enternece sempre. Tal como D. Quixote, que imaginava gigantes quando via moinhos, certos jornais no período do defeso vêem em cada jogador estrangeiro um excelente reforço para o Benfica. Foi logo nisso que pensei ao deparar com a manchete do isentíssimo diário desportivo A Bola de 19 de Agosto: garantia a diligente rapaziada da Travessa da Queimada que o internacional holandês Leroy Fer, a quem alguns chamam o novo Patrick Vieira, estava "na mira das águias" para ocupar o lugar do lesionado Fesja. Talvez estivesse. Mas não de águias portuguesas: o médio defensivo do Norwich que actuou pela "laranja mecânica" no Mundial do Brasil bateu asas e voou para outras paragens, reforçando o plantel do Queens Park Rangers. Foi "benfiquista" durante duas horas e meia: nessa mesma fatídica manhã, aliás, a edição digital do jornal encarregava-se de desmentir formalmente a capa da edição impressa. Ficou uma vaga por preencher. À falta do craque holandês, a Luz teve de contentar-se com André Almeida como médio defensivo. Quando as estrelas se tornam inacessíveis, restam sempre os pirilampos.»