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És a nossa Fé!

Nem um passo atrás

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Foto: Manuel de Almeida / Lusa

 

Sete meses depois, o estádio José Alvalade voltou a ter público. Não aquele público de que muitos de nós fazemos parte - com lugares cativos, bilhetes de época ou ingressos jogo a jogo. Mesmo assim, há que registar o facto. Com satisfação e até alegria. Porque foi vencida uma absurda barreira que tardava a ser levantada pela Direcção-Geral da Saúde, entidade que foi dizendo quase tudo e o seu contrário sobre a pandemia enquanto mantinha uma inabalável recusa de "desconfinar" os espectáculos desportivos, em particular o futebol. Enquanto autorizava viagens aéreas em voos lotados, o regresso dos concertos, das sessões de cinema, dos espectáculos teatrais, dos circos e das touradas, enquanto permitia manifestações e concentrações de rua promovidas por forças partidárias, movimentos cívicos ou grupos espontâneos de cidadãos, enquanto dava luz verde a eventos tão diversos como a Festa do Avante no Seixal, o concurso hípico de saltos internacionais em Esposende ou a realização do Grande Prémio de Fórmula 1 em Portimão.

Como se nós, aqueles que durante anos costumávamos ir à bola, ajudando assim a financiar os clubes e a promover o desporto como baluarte da saúde pública, estivéssemos marcados por uma espécie de capitis diminutio para efeitos de cidadania responsável: os burocratas de turno na DGS imaginam-nos como perigosos transmissores de vírus enquanto frequentadores de um estádio. Não num restaurante ou num hotel ou num comício ou numa plateia de rábulas humorísticas ou enquanto utentes de transportes públicos. Para estas luminárias, só o desporto (não motorizado nem centrado em provas hípicas) está empestado.

 

Há que saudar a Federação Portuguesa de Futebol por ter conseguido derrubar o tabu: de algum modo, os 2500 espectadores que ontem marcaram presença nas desguarnecidas bancadas do nosso estádio para assistir ao amigável Portugal-Espanha (que terminou sem golos) foram pioneiros. Antecipando um regresso à normalidade possível.

A partir de agora, nem um passo atrás. Aberto o precedente, a autoridade sanitária não poderá negar à Liga de Clubes aquilo que autorizou à Federação Portuguesa de Futebol. Os jogos com público deverão ser retomados a curto prazo. Com bilhetes nominais, intransmissíveis e disponibilizados on line a cada adepto devidamente identificado, além do escrupuloso cumprimento das normas em vigor: uso permanente de máscara, higienização das mãos, controlo da temperatura à entrada do recinto e lugares atribuídos de acordo com o distanciamento físico sanitariamente recomendado.

Sem mais desculpas esfarrapadas. Porque futebol sem público é futebol amputado. E uma sociedade que força pessoas saudáveis a permanecer em casa por prazo ilimitado é uma sociedade doente.

4 comentários

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    Rui Miguel 08.10.2020

    Concordo com esta visão.

    É completamente claro que o público dos jogos entre clubes é completamente diferente do público da selecção.
    Até podem em certas situações, serem as mesmas pessoas, mas o seu comportamento é completamente diferente.
    Basta ir aos estádios e ver o óbvio.
    Nos jogos da selecção, vê-se sem dúvida muito mais famílias (mulheres, crianças, etc), enquanto nos jogos a participação das ditas claques é muito mais massiva e activa.

    Penso sem dúvida que este tipo de diferenças foi tido em conta na decisão de ter sido um jogo da selecção ser um dos primeiros jogos com público.
    Até ao seleccionar o jogo Santa Clara - Gil Vicente como o primeiro jogo da Liga a ter público considerou o facto de serem dois clubes sem uma massa adepta muito fanática e sem historial de problemas (por alguma razão não foi seleccionado um jogo com os grandes).
    Logicamente que o facto de ser um jogo nos Açores, onde há pouco casos activos, também foi uma razões.

    Mas concluindo, estes diferentes tipos de comportamentos pesaram muito na decisão e continuam a pesar, e só com medidas profiláticas e educativas sobre os adeptos que são mais habituet nas bancadas, será possível ter mais jogos com público nos estádios da primeira liga.
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    Pedro Correia 08.10.2020

    Então você é dos tais que defendem a discriminação do futebol em relação a tudo o resto na sociedade. Caso para perguntar-lhe até como teve coragem paracomentar num blogue onde o tema é 95% futebol.

    Veja lá, desinfecte-se bem.
    Está de luvas? Escreveu com máscara? Trouxe viseira?

    Não se deixe contaminar: estamos empestados, ninguém entre nós sabe distinguir a diferença entre ver um jogo sem pandemia e um jogo com pandemia.
    Somos todos uma cambada de broncos, de gente muito estúpida. Adoramos andar aos abracinhos e contaminar-nos uns aos outros.

    Só há dois inteligentes: você e a doutora Graça Freitas, que sobre a pandemia já disse quase tudo e o seu contrário.
  • Sem imagem de perfil

    Rui Miguel 08.10.2020

    Defendo diferenciar coisas que têm naturezas diferentes.

    Por alguma razão, pode por exemplo, beber um café e comer um pastel de nata numa pastelaria ou jantar fora num restaurante, mas ainda não deram autorização à abertura de discotecas e bares que normalmente faziam parte da vida nocturna.

    Lá está, apesar de ambos fazerem parte do segmento do alojamento, restauração e similares, têm especificidades que "obrigam" a diferentes formas de gerir e lidar durante a pandemia.

    Já agora, sobre a sua última frase, penso que é melhor resfriar as suas ideias caro Pedro Correia, os tempos não são fáceis, e os hospitais estão cada vez mais lotados com doentes de Covid, mais mortes diárias. Ainda hoje, passamos novamente os 1000 novos casos.

    A gestão de uma pandemia é algo muito mais crítico e importante que gerir um clube de futebol e o entretenimento em seu redor.
    E sei também que a saúde mental é algo super importante, e em tempos de pandemia, mais relevante se torna, pelo que é necessário avaliar todas as variáveis.
    Resumindo, tudo tem de ser bem avaliado, sendo a saúde pública sem dúvida no topo das prioridades.
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