O jogo que há pouco terminou começou a ser perdido ontem, na conferência de imprensa de lançamento deste desafio da Liga Europa, quando Marcel Keizer disse que o Sporting «não tinha obrigação» de seguir em frente na competição. Necessitaria, para tanto, de vencer em casa o Villarreal, penúltimo classificado do campeonato espanhol, que acaba de interromper no nosso estádio um duro ciclo de dois meses sem triunfos.
Não apenas perdemos a partida. Fizemos também uma exibição medíocre, ressalvando-se dois desempenhos positivos: Coates e Bruno Fernandes, incapazes de remar contra o naufrágio colectivo. Nada que surpreenda, afinal: a equipa arrastou-se no relvado em sintonia com as palavras abúlicas e conformistas do treinador, que nos últimos sete jogos só uma vez foi capaz de conduzir o Sporting à vitória.
O presidente do Sporting, para já, está amarrado às derrotas de Keizer. Margem de manobra mínima, portanto. Tal como Bruno de Carvalho viveu três anos amarrado aos insucessos de Jesus.
Na comparação entre os dois casos, só vejo uma vantagem óbvia para Varandas: caso despeça o técnico, a indemnização a pagar-lhe será muito menor.
Mas o Sporting, que é o que interessa unicamente...não tira vantagem nenhuma. Despedir Keizer nesta fase só resultaria se houvessem um treinador competente e disponível, o que é difícil nesta fase da época futebolística global, no sentido de começar a trabalhar e preparar a próxima época.
Despedir Keizer neste momento só serviria para tornar esta época no Sporting igual à de 2012/2013. Já tivemos Sá Pinto/Peseiro. Já tivemos Oceano/Tiago Fernandes. Agora temos Vercauteren/Keizer. Só falta vir o novo Jesualdo.
Oh gente: Posso saber qual é o interesse em estarmos a discutir Peseiro versus Keiser? Sóo para acharmos que temos direito a colocar uma bandeira na parede porque tínhamos razão? Não ha nada de mais inutil para o Sporting do que isso. Pergunto: se não ha uma grande indemnização a pagar qual o problema de mudar agora de treinador e preparar a próxima época como deve ser? Sejamos objectivos: Aguentamos que este nos afunde e paramos isso já ou deixamos que eles nos afunde até ao final da época porque "é feio e instável despedir treinadores"?. Mas há algo de mais instável do que perder e do lugar onde estamos? Vejam que até o outro - que decide de acordo com as "luzes noturnas" - arrepiou caminho e tem o clube com ele de novo e a disputar o titulo. O maior problema não é a cegueira, é a ausência de vontade de ver. Se eu simplesmente nao acredito que este treinador no leve a algum lado (e confesso que agora não acredito mesmo) que se arrepie caminho enquanto é tempo. Certo? S.Carvalho
Como eu digo acima, estamos na fase Vercauteren. Há que chegar a fase Jesualdo para se cumprir a repetição do roteiro 2012/2013, que nos conduziu ao pior lugar de sempre. Mudar de treinador como quem muda de camisa conduz a isto. No ano civil 2018 tivemos cinco: Jesus, Sinisa, Peseiro, Fernandes e Keizer. Como este ano de 2019 já vai no segundo mês, é tempo de mudar novamente de treinador. Sem perceber que o problema de fundo persiste. Este plantel coxo, esta "cultura desportiva" vigente, estas finanças depauperadas e esta massa adepta fragmentada, talvez irremediavelmente, mantêm-se como questões de fundo. Por isso estou onde já estava no final de Outubro, quando Peseiro foi corrido praticamente à pedrada pelos adeptos, incluindo muitos aqui no blogue: mudar o treinador não resolve nada. Teremos cinco ou seis jogos com alguns brilharetes, com uma ou outra goleada, mas tudo desembocará na mesma apagada e vil tristeza. Por isso atravessamos hoje o segundo jejum mais prolongado de títulos da nossa história secular. Refiro-me ao mais cobiçado dos títulos, aquele que nos foge desde o já remoto 2002.