Nada muda para que tudo mude
Ontem saí de Alvalade encantado (muito) e decepcionado (um pouco) pelas mesmíssimas razões.
A decepção, para aviar já este assunto, vem da parcimónia de golos para tão grande domínio. Aquela aberração do BSAD, que envergonharia qualquer campeonato civilizado, deveria ter saído com uns seis golos no bucho e era uma sorte. Paulinho é fantástico a jogar para a equipa, a deslaçar as defesas adversárias, como se revela medonho a dar o último piparote na bola para a baliza.
O encanto vem de ver a máquina a funcionar. O Sporting de Rúben Amorim mandou a táctica às malvas, toda a gente sabe que o esquema é 5-2-3 a defender, ou na "transição defensiva" em paleio de cátedra, e 3-4-3 a atacar. Ora isto não quer dizer absolutamente nada e tornou-se conversa para adormecer o boi. O que verdadeiramente conta é o que cada peça faz no seu lugar. Por exemplo: quando joga Jovane em vez de Nuno Santos, porque são jogadores diferentes, que fazem coisas diferentes na mesma posição, é claro que a bola tem de lá chegar de maneira diferente e é óbvio que sairá de lá de maneira também diferente. Tudo muda quando mudam os jogadores sem que nada mude na organização. Ora isto funciona porque toda a equipa, de Adán a Paulinho, joga em função dessa diferente expectativa do que um ou o outro irão fazer. E isto é prodigioso, quer dizer, é treino, muito treino.
Continuem rapazes, é só calibrar um bocado mais a pontaria.