Muitos equívocos e algumas certezas
Texto de Francisco Gonçalves
Noite de muitos equívocos e de algumas certezas.
Primeiro equívoco: ao contrário do que é habitual, Rúben Amorim não esteve muito bem, na antevisão do jogo contra os ingleses [Sporting-Manchester City]. A forma como ele se referiu à equipa adversária e, principalmente, ao seu treinador, pecou por excesso, naquilo que é uma apreciação positiva do seu adversário.
Rúben Amorim poderia, quiçá, transportar essa apreciação para o plano da admiração, não necessitando, contudo, de enveredar por um discurso que esteve muito próximo da vassalagem.
Segundo equívoco: a forma como Rúben Amorim reconheceu as abissais diferenças entre a qualidade das duas equipas e dos próprios treinadores não teve reflexo na planificação das dinâmicas da equipa para o jogo.
Se, na opinião do nosso jovem treinador, o Manchester City é assim tão superior ao Sporting Clube de Portugal, competir-lhe-ia armar a equipa para esse cenário. Ao invés, o que se viu foi o conjunto leonino a jogar como se do outro lado estivesse uma equipa da sua igualha.
Terceiro equívoco: as adaptações de jogadores a posições que não são as suas. Na Liga portuguesa, ou em situações de ausência de outras soluções, percebe-se que o treinador proceda às adaptações julgadas plausíveis para enfrentar um compromisso.
Ontem [terça-feira], em Alvalade, jogava-se a Liga dos Campeões, havia soluções para preencher, naturalmente, todas as posições e, por conseguinte, não havia necessidade de inventar – Ricardo Esgaio é um excelente jogador, é polivalente, mas essa circunstância de ser adaptável não pode prevalecer se estiver no banco quem, vocacionalmente, desempenha bem a posição.
Quarto equívoco: não utilizar o banco de suplentes quando o resultado já é, escandalosamente, mau: Rúben Amorim deveria ter procedido a algumas alterações que pudessem tentar inverter o sentido das coisas. O intervalo teria sido o momento ideal para fazer alguns ajustes e introduzir novos artistas para os segundos 45 minutos.
Merece destaque especial a forma como Pedro Gonçalves não esteve no jogo e, ainda assim, regressou para a segunda parte.
Primeira certeza: o Sporting Clube de Portugal não tem, ainda, pedalada para esta fase da competição. É verdade que está muito mais próximo de atingir essa capacidade do que estava há um ano, mas continua longe do valor médio das equipas que, por norma, estão neste patamar.
Seria necessário que, por sorte, o sorteio indicasse uma daquelas equipas outsiders, com menor qualidade, para que os leões pudessem ambicionar os quartos-de-final.
Segunda certeza: Matheus Nunes é um jogador fantástico e nem sequer repara contra quem está a jogar.
Para ele, são todos iguais. Foca-se no seu jogo e quem estiver por perto que saia da frente. Fabuloso.
Texto do leitor Francisco Gonçalves, publicado originalmente aqui.