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Mudar estatutos: um sócio/um voto

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Reconheço que numa hipotética como tão necessária alteração estatutária, este, sendo um tema que deve obrigatoriamente estar em cima da mesa, é certamente dos mais quentes e aquele que eventualmente mais discussões apaixonadas proporcionará.

Há vários escalões de sócios no clube que, consoante a antiguidade, vão adquirindo votos que lhes permitem ser mais influentes em votações em AG's, entre elas as eleitorais, conferindo aos sócios com maior tempo de fidelização uma enorme e desproporcional preponderância sobre os mais recentes.

Sou desde há muito defensor de que a cada sócio deve corresponder apenas e só um voto, desde logo porque é assim no país para todas as eleições importantes e até nas organizações empresariais por quotas, onde cada accionista tem os votos proporcionais à sua quota-parte da sociedade, independentemente se a possui há muito ou pouco tempo.

Reconheço que a este sistema há que, sob pena de haver subversão dele próprio, impor algumas regras que evitem a apropriação do clube por grupos de pessoas com interesses menos sérios. Mesmo havendo apenas uma ínfima hipótese de num acto eleitoral um grupo estranho tomar de assalto o clube (seriam necessários muitos milhares, diria largos milhares, para que fosse isso possível), haverá que acautelar por exemplo um período de tempo razoável, que eu diria de cinco anos, para se obter o direito a eleger os corpos sociais. Em AG's ordinárias ou extraordinárias que não as eleitorais ou que impliquem a perda de mandato dos corpos sociais em parte ou no seu todo, ou ainda as que impliquem a relação com a SAD, os sócios terão todos os direitos que agora detêm, com a permissa sempre de um sócio/um voto. 

Bem sei que há uma distinção entre os sócios A e B, desde logo pelo valor da quota paga (12€/6€) e que os primeiros poderão ter alguma relutância em prescindir da "vantagem" que detêm por via do valor a dobrar que pagam pela sua quota. Será uma posição legítima, mas convenhamos que já hoje por via disso há algumas legítimas diferenças de tratamento, sejam elas o importante direito a serem eleitos, ou o acesso à bancada A, entre outros. Tenho para mim que será talvez o maior obstáculo à implementação do sistema "um sócio/um voto" ("então eu pago o dobro daquele e ele tem um voto igual ao meu?"), maior do que o da antiguidade como associado. 

Há ainda os jovens, a quem deve ser dada oportunidade de exercer mais cedo na vida o direito a eleger os corpos sociais. Eu diria que aos 16 se estará preparado para eleger quem deve dirigir o clube. Afinal também se pode, num infortúnio, estar preparado para sofrer uma pena de prisão maior... E estes jovens teriam o seu voto aos 16 anos, se fossem associados, ainda que noutra qualquer categoria, ininterruptamente, há pelo menos cinco anos.

Clamarão alguns dos que irão perder os seus votos que o clube poderá ser tomado de assalto por "pára-quedistas" e que a antiguidade deve ser recompensada. Quanto à questão do "assalto", creio ter encontrado uma solução razoável (haverá outras e este post serve para isso, para os comentadores as indicarem). Quanto à recompensa pela antiguidade e fidelização ao clube, sem querer ferir ninguém, é-se sócio do Sporting por sentimento, por gosto, por coração, por amor, por partilha, até por egoísmo em casos extremos de clubismo/clubite, ou seja para dar. No entanto o clube já proporciona algumas vantagens aos seus associados, seja através de protocolos com terceiros, seja na aquisição de bilhetes ou outros. Esta antiguidade e fidelidade ao clube, não havendo qualquer necessidade de ser retribuída, pode no entanto ser recompensada. Há imensas formas de o fazer que ficarão à imaginação de cada um, mas por exemplo que tal sortear uns lugares nas deslocações ao estrangeiro para os associados com mais de "xis" anos de permanência? (às vezes até vai gente que nem do clube é...), reservar um número de bilhetes nos jogos internos exclusivamente para esses associados, com desconto até, criar uma tabela de preços de bilhete de época que premeie a antiguidade... O que quiserem e seja exequível.

Em resumo, o tema é polémico, mas se nos afirmamos como um clube democrático, que tal passar da palavra ao acto e instaurar um verdadeiro regime democrático no clube? 

Termino com o exemplo da aberração do último acto eleitoral: João Benedito teve maior número de eleitores. Frederico Varandas teve maior número de votos. Ganhou aquele que teve menos associados com a sua candidatura. É justo, faz sentido? Não me parece...

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