Mercado de transferências
Aumentou o número de programas televisivos e espaço horário ocupado, em particular os que especulam sobre transferências do futebol, alimentando diariamente os mais diversos rumores sobre movimentações de mercado. Novelas existem para todos os gostos e cores, o objectivo salta à vista, cativar audiência nos adeptos dos três clubes que apaixonam maior número de adeptos. Diariamente, ao final da tarde e à noite, somos brindados com a opinião especializada de jornalistas ou comentadores supostamente bem informados, que umas vezes falham, outras acertam, porque ávidos de apresentar destaques, ficam eles próprios à mercê de rumores plantados por empresários ou palavras mal interpretadas de jogadores nas redes sociais, que por vezes não querem dizer nada, mas que são escalpelizadas ao ínfimo detalhe, ao ponto de muitos lerem o que não foi escrito. Isto nada tem de novo, nos anos 80 à segunda-feira comprava a Bola que apresentava as transferências iminentes, que eram depois desmentidas no Record à terça-feira para apresentar as suas, na quarta-feira lá estava a Gazeta dos Desportos a dizer que afinal já não vinha o X e Y, mas sim o W e Z. A diferença é que os jornais estão moribundos e tudo isto agora passa-se na TV.
Uma das principais novelas do Verão, no que ao Sporting diz respeito, é a possível saída de Bruno Fernandes. Sousa Cintra, que calado era um poeta, mas acenar-lhe com uma máquina fotográfica e colocar-lhe um microfone à frente, equivale a descer a serra num carro sem travões, confirmou que existe a cláusula de 5 milhões, caso o Sporting rejeite alguma oferta superior a 35 milhões. Ao contrário do que afirmam, o Sporting não está refém de coisa alguma, porque seria impensável manter Bruno Fernandes, de longe o nosso melhor jogador, nas condições da época passada, quando não era, longe disso, sequer um dos 3 jogadores mais bem pagos do plantel. Das duas uma, ou Bruno sai, ou fica. Se sai, apenas devem ser equacionadas verbas a rondar no mínimo os 80 milhões de Euros. Se fica, há que avançar para a renovação do contrato, onde existirá seguramente um prémio de assinatura, melhoria de condições salariais tornando o capitão no jogador mais bem pago do plantel, seria incompreensível que assim não fosse e naturalmente a cláusula de rescisão teria que subir para 150 milhões de Euros.
Diariamente, de forma cínica os comentadores vão fabricando uma cartilha segundo a qual, ninguém paga o que estamos a pedir pelo nosso capitão, é incompreensível, mas o mercado é assim, o agente do atleta não é Jorge Mendes, o Sporting é uma marca de valor inferior aos rivais, mas está pressionado por falta de liquidez, etc. Estão à espera, direi mesmo que muitos ardentemente o desejam, que acabe vendido por 50 milhões ou até menos. Enquanto sportinguista, espero sinceramente que a direcção não faça cedências neste assunto, até aqui nada a apontar ao clube, que tem mantido uma postura low-profile, neste e outros casos, muito menos ao atleta, que até afirmou que existem ainda muito para conquistar. Se Bruno Fernandes permanecer, liderando a nossa equipa em campo, será o melhor reforço que poderíamos conseguir na próxima época e para conseguir liquidez imediata, que o clube bem precisa, existem mais algumas opções no plantel ou activos que pertencem ao clube.
Confiança absoluta em Frederico Varandas pelo que fez até aqui, mas gostaria que alguns atletas vestissem a verde e branca, Mama Baldé por exemplo, apontado como moeda de troca no dossier Rosier, justifica no mínimo fazer a pré-época. É um jogador polivalente, possante, muito útil em qualquer plantel, mesmo que não se perfile como indiscutível titular. Gelson Dala, Ivanildo ou Domingos Duarte serão jogadores a merecer a atenção de Marcel Keizer. Tenho mais dúvidas em Iuri Medeiros e Matheus Pereira, no caso do primeiro porque tem desperdiçado várias oportunidades, no segundo porque a cabeça não acompanha os pés e sendo bom jogador, está longe de merecer o estatuto de vedeta a que aspira. Para o conseguir, terá que ser humilde e trabalhar muito, porque qualidade tem de sobra. Contratar por contratar não faz sentido, acabamos sempre com demasiado entulho que depois temos dificuldade em despachar. O Sporting não precisa revolucionar o plantel, apenas pequenos ajustes para continuar a crescer.