Mãozinhas? Mais Valia...
Caiu com estrondo a notícia de buscas, efectuadas pela Polícia Judiciária, à sede da Federação Portuguesa de Futebol.
Em causa estará uma alegada negociata na venda da antiga sede daquela federação, no valor de onze milhões e duzentos e cinquenta milhares de Euros.
Segundo um comunicado divulgado pela PJ, ao longo da investigação "foram identificadas um conjunto de situações passíveis de integrarem condutas ilícitas relacionadas" com a intermediação da venda da antiga sede. Estão apontados como implicados antigos e actuais funcionários titulares de cargos de topo na hierarquia profissional da FPF.
A PJ fez a recolha habitual nestas circunstâncias: Os computadores, os telemóveis e demais parafernália de suportes digitais que agora se usam. Na sequência, foram executados mandados de busca e apreensão em domicílios, instituição bancária, estabelecimentos e sociedades de advogados, nos distritos de Lisboa, Setúbal e Santarém.
Entretanto nas TV's vimos o director nacional da PJ (que me parece uma pessoa séria e competente) ilibar o ex-presidente Fernando Gomes de todos os eventuais e alegados ilícitos.
Se me causa alguma estranheza que o director da PJ se antecipe ao MP, garantindo uma conclusão que está condicionada pela visualização de toda a matéria a ser investigada constante dos equipamentos recolhidos, o que me causa comichões, o que me preocupa e incomoda é que a FPF, que é uma instituição de utilidade pública, logo com benefícios pagos por todos nós contribuintes, alegadamente seja ela própria, ou alguém por ela ou a beneficiar dela, implicado numa situação que mancha a obrigação de manter uma conduta, moral neste caso, acima de qualquer suspeita e a fazer fé nas palavras do director da PJ, o seu (ex)presidente não soubesse de nada. O que nos pode, legitimamente, dar o direito de extrapular e pensar "se isto é com a venda da sede, o que não será com o resto". E o resto são as competições, as comissões e os conselhos (de arbitragem e disciplina), a equidade e isenção que se colocará em causa, os jogos de interesses, as convocatórias para as várias selecções, etc. Para ajudar à análise do parágrafo anterior e para os mais distraídos, convém não esquecer quem integrava o elenco directivo visado por esta investigação e que cores ali predominavam.
Usando o código da operação e não desprezando a sua relevância, obviamente, "Mais Valia" ter sido só a venda da sede. Mas todos sabemos que não foi.
Nota: Entretanto ontem, a PJ procedeu a buscas na Federação Portuguesa de Judo. Em causa está "a gestão por parte do anterior presidente no período em que exerceu essa função". Em causa, segundo o mandato emitido pelo DIAP de Loures, estarão crimes de tráfico de influência, abuso de poder e peculato, durante o período em que Jorge Fernandes foi presidente.
Tempos esquisitos, estes, para o desporto em Portugal.