Mais que incompetência
Já poucas coisas me surpreendem. Mesmo assim, confesso: abri a boca de espanto ao ver ontem o Paços de Ferreira-FC Porto, jogo dominado do princípio ao fim pela turma da casa. Não havia público, visto não se tratar de uma competição de fórmula 1, mas a equipa de arbitragem funcionou como "12.º jogador" dos portistas, puxando de forma inequívoca pelo onze visitante. Que mesmo assim saiu derrotado.
Valha a verdade: o desaire dos azuis-e-brancos - que já perderam oito pontos à sexta jornada - não aconteceu por culpa do árbitro. Nem do vídeo-árbitro. Ambos fizeram o que podiam para que o FCP saísse vitorioso da Capital do Móvel. O primeiro, assinalando um penálti contra o Paços que nunca existiu. O segundo, mandando o primeiro invalidar um golo limpo quando os da casa já venciam por 1-0.
Mesmo assim, com um penálti sofrido sem qualquer base legal e tendo visto anulado um golo marcado de forma irrepreensível, o Paços de Ferreira conquistou os três pontos. Merece parabéns redobrados.
Em qualquer outro país supostamente civilizado, estes dois senhores não voltariam a apitar jogo algum.
Refiro-me ao nosso velho conhecido árbitro Nuno Almeida, mais conhecido por Ferrari Vermelho (e que a partir de agora pode ficar a ser conhecido também por Porsche Azul), e ao vídeo-árbitro André Narciso, um alegado "jovem promissor" do apito que há três dias, em Alvalade, amarelou Palhinha aos 36 segundos e exibiu cartões a Feddal sem que o defesa leonino tivesse sequer tocado no adversário e a Sporar por hipotética "simulação" que nunca existiu.
Mas de uma coisa podemos estar certos: estes dois continuarão a andar por aí. Cometendo atentados à verdade desportiva.
Nestas ocasiões, em tempos mais recuados, sentia a tentação de atribuir tudo isto à pura incompetência. Mas quando verifico que o FCP, em seis jornadas, foi escandalosamente favorecido em quatro (contra Sporting, Braga, Marítimo e Paços) e que metade desses seis desafios terminou com treinadores adversários expulsos (Rúben Amorim, Lito Vidigal e agora Pepa), tenho de concluir que se trata de algo mais. Não pode ser só incompetência.
Ontem à noite, não sei porquê, lembrei-me daquelas palavras de Frederico Varandas: «Um bandido será sempre um bandido.»