Lideranças
O Sporting foi campeão com todo o mérito e, para isso, muito contribuiu a estabilidade emocional transmitida pela direção. Direção, essa, que se foi abstendo de aparecer e só veio a terreiro em dois momentos onde já não era possível ficar em silêncio: após o roubo épico em Famalicão e após a rábula dos falsos positivos na Taça da Liga.
Não pretendo reescrever a História, tenho plena noção de que o Sporting podia já não existir sem o trabalho realizado por Bruno de Carvalho no seu primeiro mandato. A negociação com os bancos e a capacidade de voltar a mobilizar os adeptos foram aspectos fundamentais para o Sporting poder voltar a respirar confiança.
Comparo esse período da vida do Clube a uma revolução e, raramente, os líderes durante a revolução são bons líderes para tempos que se querem de paz. O seu constante modo guerrilha não ajuda à estabilização emocional.
Isso notou-se logo no primeiro ano desta direção, com a vitória na Liga dos Campeões de Futsal. Ninguém tem dúvidas do contributo de Bruno de Carvalho na construção do plantel mas também ninguém tem dúvidas da pressão desmedida que introduziu e que causou uma espécie de performance anxiety nos atletas. Na primeira final, após a sua saída, campeões europeus. Dois anos passados, campeões europeus novamente.
O mesmo aconteceu no futebol. Depois de um ano terrível, o pior de sempre no que toca a derrotas, o Sporting manteve a compustura e sagrou-se campeão. Sem dramas. Foram quatro títulos em três épocas (Um Campeonato, uma Taça de Portugal e duas Taças da Liga).
Não há nenhum segredo escondido neste tipo de padrões. É muito normal em qualquer empresa, país, etc. Existem pessoas capazes de agarrar num projecto e levá-lo de A a B mas, nem sempre a melhor pessoa para levar algo de A a B é a melhor para levar de B a C. Foi o que aconteceu ao Sporting.
Dito isto, foi muito útil ao Sporting ter havido um primeiro mandato de Bruno de Carvalho e está a ser muito útil ao Sporting haver um Frederico Varandas. É importante que quem dirige o Sporting perceba que não está no cargo para ficar na História mas sim para enriquecer a História do Clube.
Se todos o fizerem, o nosso palmarés agradecerá enquanto nós celebramos títulos.