Lesões não abrandam vaga de vitórias
Sporting, 3 - Farense, 1
Harder logo após marcar o terceiro golo, cumprimentado por João Simões e Quenda
Foto: Patrícia de Melo Moreira / AFP
Jogo calmo, tranquilo, dominado pelo onze leonino do princípio ao fim. Recebíamos o Farense, que na primeira volta goleámos por 5-0, lá no Algarve. Mesmo no início do campeonato, quando a frescura era outra - muito distante deste período de calendário apertadíssimo, com dois jogos por semana e quase sem tempo para recuperação física.
Apesar do cansaço que se acumula e das lesões que continuam a apoquentar a equipa, entrámos confiantes, logo instalados no meio-campo da turma visitante.
Esforço recompensado: aos 11', já a bola entrava na baliza do Farense. Tocada por um ponta-de-lança improvisado: Iván Fresneda, que a passe de Harder se estreou assim como goleador desde que actua como jogador sénior. O jovem espanhol transbordou de alegria e todos os colegas se associaram a ele nos festejos.
Daí a pouco, aos 26', Diomande seguiu-lhe o exemplo. Na sequência de um canto superiormente marcado por Trincão, elevou-se mais alto e meteu-a lá dentro, num cabeceamento fulminante. Estreando-se, também ele, como goleador nesta época.
O resultado reflectia o comportamento das duas equipas no terreno. O Farense muito remetido ao reduto defensivo, o Sporting fazendo pressão constante com variações de velocidade em largura e comprimento, pautando o seu jogo em obediência a este desígnio estratégico: convém evitar esforços inúteis.
Mas ninguém alimentava dúvidas sobre quem mandava ali. Morten no meio-campo interior e Trincão impulsionando o ataque, sobretudo inclinado para a direita.
Atrás as operações estavam bem confiadas ao quarteto comandado pelo marfinense. Que só desafinou uma vez, mesmo à beira do intervalo, aos 45'+2: bastou uma fugaz falta de sincronização para Lucas Áfrico, vindo lá de trás, rematar em posição frontal, livre de marcação, sem hipótese para Rui Silva.
E assim se foi para o intervalo.
No segundo tempo só deu Sporting. Já com João Simões em campo, contribuindo para a fluidez do nosso jogo, enquanto Quenda e Trincão pareciam rivalizar em exibições de virtuosismo técnico: os mais de 43 mil adeptos não lhes negaram aplausos.
Mas estava escrito que o herói daquele fim de tarde de anteontem seria Conrad Harder. Substituto do ausente Gyökeres, o jovem avançado deixou claro ao treinador que pode contar com ele. Confirmou-se como herói em campo ao apontar o terceiro, no minuto 88, em lance iniciado e finalizado por ele próprio, correspondendo da melhor maneira a um cruzamento de Matheus Reis, que onze minutos antes saltara do banco.
Segundo desafio seguido a marcar: é assim que se ganha fama. É assim, passo a passo, que se vai subindo no Olimpo do Sporting. Parabéns ao dinamarquês: bem os merece.
Parabéns igualmente a Rui Borges, que tem feito omeletes com poucos ovos. Desta vez, outra baixa: Geny saiu aos 25', de maca, com lesão traumática. Vai parar pelo menos duas semanas. Talvez mais.
Numa das tribunas do estádio, a ver o jogo, estavam quatro titulares indiscutíveis: Gyökeres, Pedro Gonçalves, Morita e Nuno Santos.
Apesar dos problemas com sucessivas lesões, o Sporting mantém o comando isolado, continua a ter o melhor ataque e a melhor defesa, é a equipa com mais vitórias e menos derrotas. Registo à 20.ª jornada: 56 golos. Não marcávamos tantos há 51 anos, desde a saudosa época 1973/1974.
Agora é só seguir em frente.
Breve análise dos jogadores:
Rui Silva (5) - Alguma vez havia de acontecer: sofreu o primeiro golo no Sporting, aos 45'+2. E fez a primeira defesa digna de aplauso, aos 50'.
Fresneda (6) - Envolveu-se na manobra ofensiva e foi recompensado com o primeiro golo da sua carreira, aos 11'. Vai motivá-lo para mais.
Diomande (7) - Grande golo de cabeça, após um canto (26'). O seu primeiro nesta época. Quem diz que não marcamos de bola parada?
Gonçalo Inácio (5) - Eficácia no passe longo. Mas falhou a marcação a Lucas Áfrico no tento algarvio. E falhou golo de baliza aberta (72').
Maxi Araújo (7) - Melhora de jogo para jogo. Excelente cruzamento atrasado para Gonçalo marcar. É dele a pré-assistência no terceiro golo.
Geny (4) - Estava a movimentar-se bem, no flanco direito, mas lesionou-se muito cedo (22'). Forçado a sair, queixando-se de entorse.
Morten (7) - Muito influente. Acorreu duas vezes à dobra de Diomande. Participou na construção do terceiro golo. Peça fundamental.
Daniel Bragança (4). Exibição muito abaixo do que nos habituou. Desperdiçou dois ataques (29' e 41'). Sem desenhar um só movimento de ruptura.
Quenda (7) - O maior desequilibrador do plantel. À esquerda e à direita, ganhou duelos e arrastou marcações. Indiscutível maturidade técnica.
Trincão (7) - Assistiu no segundo golo. Muito activo no ataque, grande compromisso na defesa. É o rei das assistências na Liga: e vão nove.
Harder (8) - Fez o passe decisivo para o primeiro golo e marcou o terceiro - de modo original, com o peito. Melhor em campo.
João Simões (6) - Substituiu Geny aos 25'. Bom comportamento defensivo, critério na entrega da bola. Nunca se esconde do jogo.
Matheus Reis (6) - Entrou aos 77, substituindo Daniel Bragança. Onze minutos depois, protagonizou o centro que daria o golo a Harder.
Debast (-) - Substituiu Trincão aos 90'. Só para confirmar que a breve lesão já foi ultrapassada.
Afonso (-) - Entrou aos 90', rendendo Maxi. Justo incentivo para um jovem jogador que se tem destacado no Sporting B.