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Rui Bebiano, n' A Terceira Noite: «Sempre que tem lugar um grande torneio internacional ou a celebração de uma vitória memorável, correm pelas redes sociais testemunhos da rejeição do futebol como desporto de massas e espaço público da celebração de uma paixão. Não se trata só da legítima demonstração de desinteresse por algo que se olha sem prazer, ou do mero protesto contra a forma como o jogo do pontapé na bola nessas alturas invade de forma absurda os meios de comunicação. É mais do que isso, surgindo em alguns casos como expressão de verdadeiro ódio – irracional, seletivo e agressivo, como todos os ódios – projetado sobre quem o acolhe como praticante ou adepto. Os argumentos são recorrentes: o futebol é manifestação de uma estonteada "alienação", o reino negro "do dinheiro sujo e do desperdício", mera "brincadeira de rapazes", uma "perda de tempo" quando tanto há de "verdadeiramente importante" para fazer. Como se a vida não fosse feita também dos grandes vícios e dos pequenos nadas que a tornam complexa e mais interessante.»