Leões que não se rendem
No final de um jogo em que o Sporting defrontou uma equipa muito mais experiente (o capitão John Terry, por exemplo, cumpriu esta noite a sua centésima partida na Champions), o treinador adversário, José Mourinho, atravessou o relvado para cumprimentar Rui Patrício. Percebe-se o gesto: o guardião fez uma partida excelente, creditando-se hoje como o melhor jogador em campo. O Sporting perdeu tangencialmente contra o Chelsea neste regresso à Liga dos Campeões em Alvalade seis anos depois, mas nunca virou a cara à luta - começando pela grande exibição do nosso guarda-redes, que salvou cinco golos quase feitos: aos 2' (Diego Costa), 15' (Schürrle), 54' (Óscar), 83' (Diego Costa) e 90' 2 (Salah).
Mas não foi o único a revelar grande atitude em campo e um notável combativismo contra a equipa inglesa, que fez alinhar dois campeões do mundo (Fábregas e Schürrle) e dois semifinalistas do Mundial-2014 (Óscar e Willian). Destaco, entre outros, Nani, Carrillo, Adrien e João Mário. E destaco também o facto de termos seis jogadores da nossa formação no onze titular, onde não faltam estreantes na Champions.
Perante 40.734 espectadores, o Sporting deu quase sempre boa réplica à equipa de Mourinho - sobretudo na segunda parte, em que equilibrou a posse de bola e exerceu pressão contínua no meio-campo adversário. Como já tinha feito há dias contra o FC Porto. Nani (duas vezes), Slimani e Montero remataram sem complexos de inferioridade frente à milionária turma londrina.
Esta atitude combativa começou, aliás, no treinador: Marco Silva terminou a partida com dois pontas-de-lança em jogo. Ambicionava o empate, pelo menos.
A saída de Maurício em maca, aos 63 minutos, ensanguentado após um violento embate com Diego Costa, sob uma chuva de aplausos dos adeptos que por sua vez também mereceram as suas palmas doloridas, foi um quadro emblemático e exemplar. Um símbolo vivo de Leões que se entregam ao combate e não se rendem. Podem até perder, mas deixam a pele em campo.