Leitura de domingo
Doyen Sports: o poder oculto que manipula o futebol
Alguns excertos (traduzidos por mim, com vénia ao jornal El Mundo):
«O então vice-presidente da FIFA, Michel Platini, definiu as suas práticas como "uma espécie de escravatura própria do passado". Há um ano e meio, o comércio de jogadores por parte dos fundos de investimento foi denunciado publicamente e proibido pelo organismo que regula o futebol mundial. Mas essas empresas continuam a ameaçar a integridade do desporto através da intervenção que mantêm enquanto proprietárias de clubes. Esta é a história do mais relevantes desses fundos: Doyen Sports.»
«Até 1 de Maio de 2015 o fundo de investimento havia completado dezenas de negócios lucrativos, com uma estratégia: comprar, negociar e vender uma percentagem de futebolistas recorrendo a tácticas discutíveis - uma prática conhecida como titularidade por parte de terceiros. Além de trabalhar como agência de representação, ganhando dinheiro em prémios de assinatura e renovações de contratos, a Doyen convertia-se em co-proprietária dos jogadores e negociava-os entre clubes. Até que surgiu a proibição da FIFA.»
«Em apenas quatro anos, desde 2011 até à decisão da FIFA, Nélio Lucas expandiu o negócio da Doyen Sports ao ponto de ter chegado a ser comparado com o agente português Jorge Mendes. Criado graças ao património acumulado por uns oligarcas pós-soviéticos, a família Arif, na indústria química do Casaquistão, o fundo garantia em 2013 ter investido 100 milhões de euros em direitos económicos de jogadores.»
«Com Radamel Falcão aconteceu algo semelhante. Pela saída do jogador do Atlético de Madrid, gerida pelo seu agente Jorge Mendes no Verão de 2013, a Doyen obteve uma receita de 15,3 milhões de euros. No final de 2011, o fundo havia conseguido 33% dos direitos económicos do futebolista por 10 milhões de euros e apesar de ser evidente a mais-valia, cinco milhões de lucro em apenas 18 meses, Lucas não ficou satisfeito. "O cabrão foi para o Mónaco", escreveu a Arif antes de insultar a mãe do avançado colombiano e concluir: "A carreira dele terminou. (...) Vai acabar desta maneira, a pagar impostos em França".»