Leão dobra o Braga com goleada à chuva
Sporting, 5 - Braga, 0
Eduardo Quaresma muito aplaudido na estreia como goleador ao marcar o segundo ao Braga
Foto: Filipe Amorim / Lusa
Foi um festival de golos em Alvalade. Uma vez mais. Aqueles que nos faltaram no recente encontro com o Braga na meia-final da Taça da Liga, disputada em Leiria, apesar das seis ou sete oportunidades claras que tivemos nessa partida quase de sentido único, desta vez aconteceram. E de que maneira: goleámos a turma minhota por 5-0, reeditando o resultado obtido no Sporting-Braga do campeonato anterior e a vitória pela mesma marca, também no nosso estádio e contra a mesma equipa, na edição da Taça da Liga 2022/2023.
A saúde do onze leonino é notória: vulgarizámos por completo o conjunto comandado por Artur Jorge. Entrada fulgurante dos leões, com pressão intensa sobre os visitantes, confinados ao seu reduto defensivo. Cedo este domínio se traduziu num golo: Trincão, aproveitando da melhor maneira um passe transviado perto da linha da grande área, tomou conta da bola e aplicou-lhe o tratamento adequado em remate cruzado e rasteiro, encaminhando-a para as redes.
Estavam decorridos 8 minutos: começava a festa em Alvalade, anteontem com quase 40 mil espectadores neste jogo iniciado às 18 horas do Domingo de Carnaval. Sem que os do Braga tivessem qualquer motivo para rir.
O segundo não tardou. E foi uma obra-prima: Eduardo Quaresma recuperou a "gordinha" lá atrás, junto à linha direita defensiva, e conduziu-a em ziguezague com nota artística campo fora, contornando todas as tentativas de intercepção. Na grande área braguista, a bola foi tocada para Pedro Gonçalves que tentou centrar já em desequilíbrio: sobrou para Edu, que prosseguira sem pisar o travão: com ela novamente nos pés, não perdoou: estreava-se assim como artilheiro na equipa principal do Sporting ao fim de 25 desafios como profissional de leão ao peito. O estádio explodiu de euforia. E o jovem jogador também: escutou aplausos prolongados, mais do que merecidos.
Assim se foi para o intervalo sem que Adán tivesse sido importunado. Tinhamos a noção de que os três pontos estavam garantidos, mas aquele 2-0 sabia a pouco.
O Braga voltou do balneário a tentar finalmente discutir o jogo: durou cerca de 20 minutos esta veleidade. O Sporting, que fingira estar adormecido, voltou a carregar no acelerador, conduzindo ataques alternados pelos corredores laterais, baralhando as marcações dos minhotos, novamente empurrados para os 30 metros do seu reduto.
Aí voltou a brilhar Trincão, o melhor em campo. Tomou posse da bola na meia-direita e já não a largou, fintando dois adversários e atirando-a teleguiada para a zona do primeiro poste, onde Gyökeres rematou com êxito a meia altura, sem hipóteses para Matheus. O astro sueco voltava a brilhar, já sem José Fonte nem Paulo Oliveira a policiá-lo, aumentando o seu registo como rei dos artilheiros do campeonato.
Foi aos 71'. Bastaram dois minutos para a bola se anichar outra vez nas redes braguistas, desta vez muito bem encaminhada por Daniel Bragança, pouco depois de render Morita. «Só mais um!», gritavam os adeptos.
Nuno Santos fez-lhes a vontade aos 85' com um tiro de trivela, igualmente indefensável. Aquecendo ainda mais a chuvosa noite de Inverno no nosso estádio.
Havia nas bancadas quem falasse em "vingança". Mas aconteceu algo maior do que isso: uma exibição de exuberante superioridade das nossas cores. Não demos a menor oportunidade ao Braga para medir forças connosco. Confirmando que o recente tropeção em Leiria foi mero infortúnio que não deixou marcas.
Quem duvide, fará bem em espreitar a classificação do campeonato nacional. O Sporting segue em primeiro, em igualdade pontual com o Benfica (ambos com 52 pontos), mas menos um jogo disputado - o que faz muita diferença.
E o Braga? Segue em quarto, com menos 12 pontos. Deve acautelar-se com o V. Guimarães, já a morder-lhe os calcanhares. Quase tão mal está o FC Porto, que ontem sofreu a primeira derrota de sempre em Arouca (3-2) e está agora 7 pontos abaixo do Sporting - que podem ser 10 quando se disputar finalmente o nosso desafio em Famalicão.
Breve análise dos jogadores:
Adán - Partida relativamente tranquila para o guardião espanhol, que brilhou aos 62', protagonizando excelente defesa ao negar o golo a Álvaro Djaló quando vencíamos por 2-0.
Eduardo - Enorme capacidade de chegada à área braguista, excelente visão de jogo, atrevimento no melhor sentido. Estreia a marcar como profissional leonino. Mereceu por completo.
Coates - Desta vez só se destacou no sector recuado: lá na frente, nos cantos, não fez a diferença. Mas cumpriu com o zelo habitual na defesa. Cortes oportunos aos 34', 51' e 66'.
Gonçalo Inácio - Dobrou Nuno Santos quando este se adiantava no corredor esquerdo, fez parceria perfeita com Coates e inicia a construção do quarto golo com soberbo passe vertical.
Geny - Foi o primeiro a criar desequilíbrios pondo o Braga em sentido com várias acções de ruptura na ponta direita. Sem nunca descurar as missões defensivas enquanto manteve o fôlego.
Morten - Exímio no passe, olhando o jogo de frente, sem virar a cara à luta. E com capacidade de aparecer lá na frente, como quando sacou um livre directo aos 28' quase à entrada da área.
Morita - O menos exuberante do onze inicial, ainda a acusar algum desgaste da participação na Taça Asiática ao serviço do Japão. Irá com certeza recuperar a forma no próximo jogo.
Nuno Santos - Batalhador. Foi um dos principais obreiros da avalancha ofensiva leonina. Quase marcou aos 60, num remate cruzado que rasou o poste. Aos 85', meteu-a mesmo lá dentro.
Pedro Gonçalves - Rúben Amorim devolveu-o ao trio atacante. E foi lá que ele teve participação directa em dois dos golos - o segundo e o quarto. No essencial, missão cumprida.
Trincão - Sexto golo nos últimos cinco jogos da Liga. Foi ele a abrir a goleada em lance que construiu do princípio ao fim. Fez a assistência para o terceiro. Já convence até os mais cépticos.
Gyökeres - Atacou a profundidade e deu largura ao ataque leonino, sem se deixar intimidar pelas marcações. Na primeira oportunidade de que dispôs, meteu-a lá dentro. À campeão.
Daniel Bragança - Aos poucos, vai-se tornando mais influente. Substituiu Morita aos 51': bastaram-lhe 12 minutos para marcar o quarto golo leonino. O seu quarto da temporada.
Matheus Reis - Sempre jogador útil. Em campo desde o minuto 75', quando rendeu Quaresma, três minutos depois protagonizou grande corte pondo fim a uma situação de perigo.
Edwards - Substituiu Pedro Gonçalves aos 75'. Abusa dos lances individuais, tentando fintar meia equipa. Aos 90'+1, desperdiçou oportunidade de marcar o sexto.
Esgaio - Em campo desde o minuto 84, preenchendo o lugar de Geny. Entrou bem: no minuto seguinte centrou com precisão, dando início ao lance do quinto golo. Outro bom centro aos 90'.
Paulinho - Rendeu Gyökeres aos 84'. Sem pontaria, falhou cabeceamento em zona de decisão (90'). Em cima da linha final, assistiu Edwards de calcanhar: esteve quase a ser golo (90'+1).