Keizer versus Amorim
Ruben Amorim tem muito boa imprensa. É um facto incontroverso.
Mas hoje gostaria de falar dos seus resultados.
Já aqui disse que a contratação de um treinador sem experiência por 10 milhões é um absurdo. Um luxo a que não nos podemos dar. Continuo a pensar o mesmo.
Para que não me acusem de ser "brunista" por abordar os muitos erros da actual gestão, vou comprar os resultados de Amorim com os do treinador que Varandas disse ser o seu, há pouco mais de um ano, depois de uma analise apuradissima de alternativas.
Vejamos os primeiros resultados de Keizer:
Resumindo: em 7 jogos, Keizer tinha 30 golos marcados e apenas vitórias. Todos nos recordamos de grandes jogos de futebol, com Nani e Bruno Fernandes em grande plano. Bem como outros jogadores entretanto vendidos, como Raphinha ou Bas Dost. A defesa, essa sempre foi um problema para Keizer - e viria a custar-lhe a Supertaça 2019, contra o SLB - e, mais tarde, o lugar.
Pois bem, ontem Amorim completou o seu 7.º jogo ao comando do Sporting. O balanço é de 5 vitórias (todas com clubes da segunda metade da tabela) e dois empates (com duas equipas da parte inferior da primeira metade da tabela) .
Longe de querer criticar Amorim, que apanhou uma equipa destroçada e acabada de ficar sem o seu capitão e melhor jogador, é preciso fazer a ressalva de que a equipa desta segunda metade da época nada tem a ver com a que Keizer herdou (e com a qual ganhou dois troféus).
Para colmatar as muitas debilidades do plantel actual do Sporting, Amorim foi inteligente ao arriscar nos jovens, o que coloca os adeptos do seu lado. E não é preciso ser um génio da bola para ver que Nuno Mendes, Quaresma e outros são mais-valias.
Mas ontem voltou a insistir em Borja, um jogador demasiado trapalhão para uma linha de 3 defesas. Em Battaglia, que hoje é um jogador triste e aborrecido, aparentemente desligado do clube. E parece não saber o que fazer de Sporar (um jogador que, na minha opinião, terá de suar muito para se manter titular quando o limitado Phellype estiver de regresso).
Para Amorim, começa agora o teste a sério, com visitas aos estádios dos dois clubes no topo da tabela em poucas semanas. Que lhe corra bem, é o que todos desejamos.
Para Varandas, o grande teste virá no final da época: reconstruir uma equipa vendida aos poucos desde 2018, e para a qual não tem sido capaz de recrutar jogadores de qualidade; e conseguir manter as expectativas baixas e a ambição ao mínimo, num clube cuja maioria dos adeptos não se conforma com o segundo ou terceiro lugar, e tendo já uma enorme e ruidosa oposição dentro de casa.
A boa imprensa talvez amaine a contestação à direcção (ou ao que resta dela, depois das demissões dos últimos meses), mas Varandas dificilmente sobreviverá a um início de época como a de 2019-20, quando Keizer ainda era o eleito.