Keizer ou não, eis a questão (parte 3 e última desta época)
Não vou repetir aqui o que fui dizendo desde que torci o nariz ao despedimento que considerava inoportuno de Peseiro e à entrada dum treinador holandês careca e sem curriculum relevante.
Porque fui dizendo do melhor e do pior, a tangerina mecânica foi-se tornando num limão azedo que a muito custo voltou a ganhar açúcar, resultados com qualidade de jogo. E uma equipa em campo em vez de onze jogadores com a lição mal estudada e em conflito com tudo e todos.
Importa dizer aqui o que penso hoje de Keizer, depois de conseguir o 3.º lugar na Liga e vitórias nas duas Taças, a de Portugal e a da Liga, as duas em finais contra o Porto.
Keizer é... holandês... difícil de entender para alguém deste canto da Europa.
Gosta de estabilidade, de coisas simples, de apostar em quem conhece. "Keep it simple, and stupid". E é um senhor, humilde, sensato e cordato. Por vezes até parece um funcionário público, faz o dele e vai descansar.
Mas também é estudioso, observador, aprende com os erros, e procura não repeti-los e fazer evoluir a equipa.
Conseguiu hoje ganhar a Taça a uma equipa muito mais forte que a do Sporting. Quem tenha a mínima dúvida, basta formar a melhor equipa possível com os jogadores que entraram no Jamor e contar no final aqueles que são do Sporting. E ganhou porque montou um sistema que conseguiu extrair o melhor daquilo que existia do Sporting e atrapalhar ao máximo o jogo do adversário.
Keizer passou este primeiro ano com distinção. Obviamente há questões em aberto, como a rotatividade em termos de gestão do plantel, a aposta nos jovens da formação, a eficácia nas bolas paradas, tudo questões que ainda não convenceram muita gente. Mas desenganem-se. Não era com três ou quatro da formação no onze inicial, como Max, Francisco Geraldes, Miguel Luís ou Jovane, que teríamos ganho ao Porto. Se calhar Keizer fez a sua escolha. E correu bem.
Keizer obviamente foi uma aposta arriscada, certa e conseguida de Frederico Varandas. Que assim continue.
SL