Jogo terminou com seis da Academia
Pena haver apenas 25 mil pessoas no estádio. Certamente muitos mais sportinguistas gostariam de ter assistido a este Sporting-Vorskla, para a Liga Europa, apesar de a nossa equipa já estar classificada para os 16 avos de final da competição.
Oportunidade para Marcel Keizer, nesta sua estreia europeia ao serviço do Sporting, pôr a rodar mais dois elementos da formação leonina: o médio Bruno Paz e o avançado Pedro Marques. Somados a Jovane, Miguel Luís e Carlos Mané, e ao lateral Thierry Correia, suplente utilizado, foram ao todo seis os que terminaram este jogo com a marca de formação da Academia de Alcochete.
O resultado, 3-0, foi construído ao intervalo. Com golos de Montero, Miguel Luís (que se estreou a marcar pela equipa principal) e um autogolo da equipa ucraniana, que se manteve fiel à tradição: nunca até hoje um onze deste país foi capaz de vencer o Sporting.
SINAL VERDE
SALIN. Há seis jogos que não acontecia: o Sporting terminou esta partida com as redes invioladas, em boa parte graças ao guardião francês, que retomou a titularidade e mostrou bons reflexos, nomeadamente ao sair da baliza aos 30', resolvendo por antecipação um problema que poderia complicar-se muito. Aos 34', num soberbo passe para Acuña, confirmou que sabe jogar com os pés.
ACUÑA. Tem sido alvo de medidas disciplinares por ferver em pouca água nas situações mais inconcebíveis. Mas não pareceu nada afectado pela recente expulsão no campeonato. Cobriu muito bem a lateral esquerda, como ficou patente numa corrida de 100 metros aos 63', em que levou a melhor sobre o extremo adversário. Participou na construção do primeiro golo.
MIGUEL LUÍS. Keizer pôs a equipa a jogar simples, num futebol de primeiro toque. Miguel Luís soube ser um fiel intérprete deste estilo de jogo. Exímio no passe, curto ou no longo, e nas tabelinhas com colegas, posicionou-se claramente como possível substituto de Wendel, entretanto lesionado. Coroou uma exibição muito positiva, como médio-centro, com um golo à ponta-de-lança aos 35'. A sua estreia a marcar na equipa principal.
BRUNO FERNANDES. Vem melhorando de jogo para jogo, reencontrando a sua boa forma da época passada. Hoje voltou a ter uma exibição muito positiva, empurrando a equipa para a frente e evidenciando pormenores técnicos que fizeram arrancar palmas espontâneas nas bancadas. Fez assistências para dois golos. Saiu aos 73', muito ovacionado.
CARLOS MANÉ. A maior parte dos ataques do Sporting no primeiro tempo foram conduzidos por ele, neste regresso à titularidade. Esteve em todos os golos: no primeiro, cabe-lhe o primeiro remate, de cujo ressalto resultaria o golo; participou na construção do segundo; inicia a movimentação que deu origem ao terceiro. Só lhe faltou marcar, também ele. Tentou, sem conseguir.
MONTERO. Protagonizou momentos de grande qualidade, nomeadamente na construção do segundo golo, que começa com uma recuperação de bola muito bem dominada pelo peito. Já tinha marcado, logo aos 17', aproveitando da melhor maneira um ressalto. E aos 44', movimentando-se bem na área, forçou um central ucraniano a fazer autogolo. Pena ter-se lesionado, talvez com gravidade. Forçado a sair aos 59'.
BRUNO PAZ. Grande estreia na equipa principal deste jogador que actuou como médio interior e teve apontamentos que fizeram lembrar o melhor Adrien. Em campo desde o minuto 73, por troca com Bruno Fernandes, foi autor de vários passes rasgados, sempre com perigo. Todos ficámos com vontade de voltar a vê-lo muito em breve na equipa principal.
SINAL AMARELO
RISTOVSKI. Regressou à equipa após uma longa ausência por lesão: actuara pela última vez a 25 de Outubro. Percebe-se que esteve bastante tempo parado. Falta-lhe velocidade e algum discernimento nos centros. Acabou por ser substituído, essencialmente por precaução, aos 64'.
ANDRÉ PINTO. Sem brilhar, sem comprometer. Jogou certinho, como quase sempre faz quando salta do banco para render um dos centrais. Desta vez actuou no lugar que costuma ser ocupado por Mathieu, sem fazer esquecer o francês, nomeadamente no início da construção ofensiva. Continua sem fazer valer a sua altura nos lances de bola parada, lá à frente.
PETROVIC. Merece nota positiva por ter cumprido a missão táctica de que estava incumbido, como médio defensivo. Não é um transportador de bola nem um tecnicista, mas jogou concentrado e até foi capaz de levar algum perigo a zonas mais avançadas do terreno. Procura mostrar serviço.
JOVANE. Desta vez foi titular, mas esteve bastantes furos abaixo do que revelou em anteriores desafios. Demasiado agarrado à bola, definiu mal e rematou torto. Teve, no entanto, ocasionais bons apontamentos: aos 11', fez quase uma assistência para golo servindo Montero; aos 73', rematou para defesa apertada do guarda-redes. Nota positiva, apesar de tudo.
PEDRO MARQUES. Estreia na equipa principal. Já marcou presença em dez partidas do campeonato sub-23, tendo apontado três golos. Caiu demasiadas vezes em situações de fora de jogo. Tendência para mergulhar na área não parece favorecê-lo. Mas alguns pormenores revelam que tem potencial para actuar com mais regularidade no onze principal. Pode beneficiar da lesão de Montero.
SINAL VERMELHO
COATES. Será talvez cansaço. O uruguaio tem revelado momentos crescentes de inaceitável desconcentração, além da falta de velocidade a que já nos habituou. Voltou a acontecer neste jogo, felizmente sem consequências graves, por exemplo ao falhar uma intercepção a Careca, forçando Petrovic a falta de cartão amarelo. É um dos elementos que está a pedir - quase a implorar - uma cura de banco.
THIERRY. Foi, dos três sub-23 que saltaram do banco, o único sem prestação positiva. Correu bastante, mas nem sempre com discernimento na definição do passe. Conduziu a bola aos 85' num lance que viria a disperdiçar quando tinha o colega Pedro Marques isolado a seu lado. Na manobra defensiva também não deslumbrou - longe disso. Parece faltar-lhe alguma humildade, sempre proveitosa para quem está em início de carreira.