Jogo a jogo a jogo
Obrigado Rúben por continuares a dizer que é jogo a jogo, deixa-os espojarem-se em mil maneiras de demandar o mesmo - é sinal que não têm mais nada para perguntar - e mantém-te firme.
Já percebeste, Rúben, que o sportinguismo se divide em duas doutrinas, a cínica, que descrê activamente das virtudes do destino e o imagina sempre negro, e a estóica, que já está de pé firme à espera da próxima desilusão. (Há ainda a facção troglodita, mas essa não vem agora ao caso e está em vias de extinção.)
Ainda nem há um ano, quando o meio-campo do Sporting era povoado por Doumbias, Wendéis, Eduardos, Viettos e tralha semelhante, calhasse a equipa fazer dois golos e pôr-se à varanda como quem diz ao adversário que venha fazer pela vida porque a nossa já está arrumada, sofríamos o resto do jogo com o coração na boca sempre a ver quando é que os outros davam a volta ao resultado. Mas hoje graças a ti, Rúben, a rapaziada acomoda-se no seu meio-campo desde o minuto 60 e até a parte contrária percebe logo que não vale a pena insistir. Quase podia ter ido jantar descansado e só não fui porque esperei que o Jovane ou o Nuno Santos ainda fizessem uma arrancada das suas, ou o Porro desferisse um tiro cá do bico da área e pusesse o marcador a 3-0. É isto Rúben, agora vemos os jogos do Sporting não com a curiosidade mórbida de antanho de quem assistia a um desastre de automóvel, mas com a expectativa de quem pode ter mais um golito para cantar.
Jogo a jogo Rúben, jogo a jogo, porque doutra maneira ficaremos desconfiados com o que aí possa vir, que leão escaldado tem medo de águas turvas.