Jesualdo e Jesus: descubra as diferenças
Jesualdo Ferreira, parecendo imitar La Palice, veio agora anunciar ao País que "Rui Vitória ganhou e Jorge Jesus perdeu".
É uma evidência simplista anunciada com meses de atraso pelo respeitável profissional do futebol que, enquanto director desportivo e treinador, esteve ligado à pior época de sempre do Sporting.
É simplista porque esconde tudo quanto o Sporting já ganhou desde o tempo em que ele próprio, Jesualdo, era o braço direito de Godinho Lopes para gerir o futebol leonino.
Jorge Jesus recebeu a equipa vinda de um terceiro lugar no campeonato e ausente da Liga dos Campeões.
Com ele, na Liga 2015/16, o Sporting obteve a melhor pontuação de sempre, discutiu o título até à última jornada do campeonato e alcançou um lugar na Liga dos Campeões que valeu ao clube um acréscimo de 8,2 milhões de euros.
Com ele, a qualidade exibicional da nossa equipa de futebol atraiu a maior afluência de sempre de adeptos ao estádio - com mais 750 mil euros de receitas de bilheteira só no primeiro trimestre da actual época oficial em comparação com período homólogo do ano anterior.
Com ele, os jogadores valorizaram-se de tal maneira que permitiram ao Sporting obter as duas maiores receitas de sempre em transferências de activos, como ocorreu nas saídas de João Mário e Slimani.
Apetece devolver a Jesualdo Ferreira a crítica que ele acaba de lançar a Jorge Jesus.
Com Jesualdo o Sporting comportou-se melhor ou pior do que com o treinador actual?
Qual dos dois técnicos conseguiu trazer mais gente ao estádio?
Qual deles foi capaz de bater o recorde de pontos numa temporada?
Qual deles discutiu o título até ao fim?
Qual deles valorizou mais os jogadores?
Creio que ninguém hesitará na resposta. Aliás lembro-me de que na era Godinho-Jesualdo foram lançados na equipa principal três jovens da nossa formação sem o clube ter acautelado os seus interesses contratuais: Bruma, Eric Dier e Tiago Ilori. Com os seus passes nas mãos de terceiros, à revelia do Sporting, todos acabaram por sair sem retribuírem no plano desportivo todo o investimento que o clube neles fez durante anos.
Ao contrário do que sucedeu nos tempos do manager Jesualdo, apodado de "treinador dos treinadores" por Godinho Lopes, nenhum jovem é lançado hoje na equipa principal do Sporting sem ver o contrato renovado e a cláusula de rescisão elevada, evitando-se assim que fiquem à mercê dessa casta de parasitas que gostam de intitular-se "empresários" nas catacumbas do futebol.
Esta foi uma das muitas alterações positivas registadas no nosso clube desde que Jesualdo passou por Alvalade.
Muitas outras podiam aqui ser referidas. O pavilhão, prestes a ser inaugurado. O canal televisivo do clube. O aumento do número de sócios. O crescimento ímpar das receitas de bilheteira. Os inéditos montantes de receitas ligadas às transmissões televisivas. O reforço das modalidades, que beneficiam de um investimento nunca antes registado. A luta por títulos, jornada a jornada, até ao fim.
Mas não vale a pena enumerar nada disto: Jesualdo Ferreira conhece bem a realidade leonina, embora desta vez tenha falado como se não a conhecesse.