Isto não é só do(s) árbitro(s)
É certo que Jorge Sousa, a quem Jesus (anjinho) lambeu os tomates na antevisão ao jogo, perdoou uma expulsão clara ao Guimarães aos 24 minutos, numa entrada assassina sobre Bruno César; É certo que o super dragão inventou uma falta de Bryan Ruiz ao cair da primeira parte que poderia ter dado golo; É verdade que o critério disciplinar foi dúplice, mas, convenhamos, a equipa não fez grande coisa para ganhar e essa é a verdade incómoda que vem acontecendo desde há muito nesta época.
Quem tivesse andado desavisado poderia correr o risco de pensar que o mau futebol praticado desde início de Dezembro teria algo a ver com o período eleitoral. Não me parece. Poderia também pensar que alguns jogadores, senão todos, andariam a trocar o passo ao treinador. Eu confesso que afinei por este diapasão durante breves dias, mas julgo que não será essa também a razão.
Penso que tudo se resume àquilo que o treinador referiu ontem na CI: A falta de uma verdadeira estrutura.
Eu não sei se quando fala em estrutura, Jesus se refere ao regime de influências e pressões várias a que estava habituado lá do outro lado, mas o que eu digo que faz falta não é isso. Escrevi-o durante a campanha, reafirmo-o hoje; O Sporting precisa de uma equipa para o futebol que seja competente, é ponto essencial, mas acima de tudo que esteja imune aos estados de alma do presidente e do treinador. Não se pretende um estado dentro de outro estado, mas pretende-se uma equipa coesa, competente repito, que se preocupe não apenas com o futebol mas com tudo o que gira à sua volta, multidisciplinar portanto, a quem seja dada margem para trabalhar. Conhecendo o presidente, é muito difícil chegarmos aqui, mas duma coisa pode o presidente ter certeza: Se quer ser campeão duas vezes em quatro, este é o caminho, não há duas vias.
Ao treinador pede-se que treine e que, coisa simples como o futebol, meta lá dentro os melhores, nem que os melhores, coisa não rara, sejam miúdos da formação.
Não quero armar-me em Gutman, mas ou isto vai por aqui, ou nos próximos vinte anos não cheiramos o título.
Bom, há sempre os vouchers, mas não acredito que os sportinguistas queiram ir por aí.