Inteligência em movimento
Nani após marcar ao Maribor um dos melhores golos da sua carreira (17 de Setembro de 2014)
Poucas coisas me irritam mais no futebol do que os pseudo-especialistas de assobio fácil nas bancadas de Alvalade. Alguns deles sentam-se até em camarotes. Nada percebem da dinâmica do jogo mas exibem uma arrogância inversamente proporcional à ignorância de que fazem gala. Como demonstraram ao vaiarem Nani momentos antes de o nosso nº 77 ter marcado o golo da vitória frente ao Penafiel na passada segunda-feira.
É um jogador que merece o Sporting embora certos sportinguistas não o mereçam.
Eles não sabem nem sonham que Nani tem um talento excepcional. O que se nota também nas situações em que parece "parar" o jogo.
Ele não pára. Ele pensa. E ao pensar bem o jogo torna-se um trunfo inestimável para a equipa.
É um mestre da temporização, da gestão do esforço - que também são aspectos cruciais no futebol de alta competição. E sabe jogar sem bola como ninguém, tendo sempre uma visão panorâmica do terreno. Adivinha as movimentações dos colegas e dos adversários com uma noção exacta da ocupação do espaço.
É aquilo a que eu chamo inteligência em movimento. Mesmo quando apenas caminha com a bola em vez de correr com ela.
Por vezes detém-se apenas para inventar linhas de passe destinadas a confirmar a jogada que já desenhou na cabeça. Ou aguardando as desmarcações dos companheiros. Ou apenas porque o interesse superior da equipa exige naquele momento a retenção da bola, algo que os colegas mais novos precisam de aprender tão cedo quanto possível.
Espero que aprendam mesmo: é um privilégio jogarem com Nani. Espero também que se mostrem indiferentes aos assobios: são quase sempre manifestações de estupidez.