Ingrato, talvez; traidor não
Não faz sentido nenhum falar-se em traição de Rúben Amorim. Traição seria sair a meio da época para um adversário. Em nenhuma circunstância o Manchester United será adversário do Sporting esta época. Lamento por isso quem fala em "traição", como o sempre destemperado José Dias Ferreira, e lamento as faixas colocadas ontem no exterior do estádio.
Dito isto, é claro que só posso lamentar a decisão de Rúben Amorim. Essa decisão torna-se ainda mais lamentável depois de ouvir o discurso sobre a estabilidade de que falei no meu texto anterior. Desse discurso conclui-se: o Sporting não poderia ter feito mais por Rúben Amorim. E por isso merecia a gratidão de não ver o seu treinador sair numa altura nada conveniente para o clube, a meio de uma época, a meio de um projeto. Amorim sabia disso, também preferia não sair agora, mas no entanto teve as suas compreensíveis razões, que explicou bem ontem. Mas optou por sair, uma escolha que do ponto de vista do Sporting revela ingratidão. Mas a ingratidão, ao contrário da traição, perdoa-se. Muito mal estaria o Sporting se não reconhecesse tudo o que Rúben Amorim fez. Ingratos estaríamos a ser nós. Por isso, muito obrigado por tudo, Rúben. Muitas felicidades (enquanto não fores adversário do Sporting). Quem sabe um dia regresses.