Hoje giro eu - o Sporting é "só" um
Sporting Clube de Portugal. Não de Lisboa, Carvalho, Godinho, Bettencourt, Franco, Cunha, Roquette, Santana, Cintra, Gonçalves, Freitas ou Rocha. Apenas Sporting. E de Portugal. O Vosso clube, o meu clube, o Nosso clube.
Mais do que nos focarmos no que nos divide, temos de nos concentrar no que nos une. Desde logo, o que nos aproxima é a vontade de ver o clube prosperar e aquele amor que não se explica, sente-se. A maioria dos sócios e adeptos sportinguistas não são políticos, não têm pretensões de poder no clube, apenas querem que as coisas corram bem. Divisões existem sobre a forma de lá chegar. Pessoas, ideias, estratégia. Uns prefeririam ainda Bruno, a maioria escolheu Frederico ou João. Alguns privilegiariam a vertente desportiva, outros quereriam resolver o quanto antes a questão da cultura do clube. Muitos apostariam na Formação e no ecletismo, outros gostariam de obter resultados no imediato e de pôr as fichas todas no futebol. E também há quem defenda que isto só lá vai com a perda de maioria do Sporting na SAD.
Como sempre aqui tenho expressado, a união não se pede, conquista-se. Mas não é apenas à Direcção que cabe promover isso, é um desígnio de todos. Cada um, nas suas intervenções públicas, semi-públicas ou privadas, deve procurar encontrar pontos de encontro com outros consócios, em detrimento da exploração das fracturas que nos vão progressivamente afastando.
O Sporting tem um problema grave de crise de identidade. Qual é a nossa bandeira, o porquê de estarmos aqui, quais os nossos factores de diferenciação? Enquanto não resolvermos isto, e deveremos fazê-lo internamente, não saberemos qual o nosso posicionamento. E se não se conhece onde se está, como se poderá saber qual o caminho a percorrer para atingir o objectivo que se pretende? Por isso, de pouco valerá prometer conquistas. Primeiro é preciso definir o ponto de partida e apontar um trajecto para a glória.
A cultura de um clube mede-se pela sua capacidade em resistir a tudo o que de menos bom gravita à sua volta. Numa cultura forte, existe um elo identificador entre todos os colaboradores, atletas e sócios, os quais absorvem os valores da Organização. No Sporting, a cultura é fraca e isso permite sermos diariamente influenciados negativamente por tudo quanto vem de fora. Sem filtros, completamente à mercê, como os acontecimentos recentes bem o demonstraram. Então, como resolver isto? Em primeiro lugar, e retomando o início do texto, temos de pensar num Sporting uno. Que começa pela abolição dos termos "sportingados", "brunistas" ou "croquettes", os quais só multiplicam a nossa identidade e, por isso, dividem e, assim, minam a nossa coesão. Depois, é preciso chamar e ouvir os sócios, as suas opiniões. Nesse sentido, o Sporting deve afirmar-se como um clube do Renascimento, com uma capacidade criadora, reformadora, de mudança de paradigma (o status-quo) e que valorize todos os seus associados, com respeito pela integridade das competições, o objectivo de promover um desporto melhor, mais justo, equilibrado e íntegro, tudo assente numa cultura de exigência (que deve ser correctamente implementada), mas também de excelência. Nunca, em circunstância alguma, deveremos importar modelos que funcionem com outros, mas que não respeitem a nossa idiossincrasia e/ou os nossos valores e que criem um choque com o que são os valores tradicionais sportinguistas. Como em tempos disse, a cultura de uma organização desportiva não pode estar nos antípodas do que é a personalidade e o carácter dos seus colaboradores, atletas e sócios/adeptos.
Concluindo, se é certo que o caminho se faz caminhando, primeiro é preciso saber onde estamos. Caso contrário, andaremos a caminhar para nada, perdidos e, provavelmente, cada vez afastando-nos mais do objectivo pretendido. Procuremos então situar-nos, através do nosso GPS (glória, princípios, sustentabilidade), sabendo que esse é o passo necessário para a afirmação da nossa cultura, leoninidade, do nosso Ser Sporting . Viva o SPORTING !!!