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És a nossa Fé!

Hoje giro eu - O Sporting e o futuro

Vejo por aqui no blogue muitos sportinguistas cheios de certezas, uns e outros irredutíveis defensores do seu lado da trincheira. Mas, observo igualmente, progressivamente, o crescimento daqueles que têm dúvidas, inquietações e que desejam vêr uma solução equilibrada, que acautele o presente e não prejudique irremediavelmente o futuro.

 

Na contabilidade específica de um clube de futebol, os direitos económicos sobre os jogadores são activos intangíveis do Balanço de uma Sociedade Desportiva. Esses direitos quando alienados a outro clube (venda do jogador), como têm um valor de mercado, vão reflectir-se na Demonstração de Resultados como um Proveito (extraordinário). Existe porém uma fundamental diferença para outro tipo de sociedades. Se eu tiver uma corticeira, não vou ter de negociar com os sobreiros, os quais por sua vez não me vão apresentar o seu empresário, nem chamar o seu sindicato. Muito menos me intimarão com um pedido de rescisão com justa causa e/ou ameaçarão abandonar a propriedade onde se encontram. Vendo ao preço que consigo, para o mercado que mais me interesse e pronto, negócio despachado. Já um futebolista é um ser pensante, tem as suas expectativas, as suas ambições e com ele é necessário estabelecer acordos. Posso ter uma proposta fantástica para o clube proveniente da China e esta não interessar à estratégia desportiva do jogador e o negócio já não se faz. Posso não querer vender o jogador, este começar a fazer birra e não treinar, ter de lhe instaurar um processo disciplinar, suspendê-lo e acabar toda a situação por ser um "loose-loose", visto o jogador, parado, perder valor.

 

Por tudo o que enunciei no parágrafo anterior, é fundamental uma boa gestão destes recursos humanos. Nesse sentido, uma boa cultura corporativa, com valores bem incutidos e regras de conduta bem delineadas e aceites por todos é essencial, na medida em que é a cola que vai unir todo o grupo. Este pormenor não é dispiciendo, porque é exactamente nas organizações em que esta cultura está mais sedimentada que existem menos problemas. Transposto para o futebol, isso significaria que a cultura (no jargão da bola, "a mística") se sobreporia a treinadores e jogadores. Há múltiplos exemplos disso no futebol, mas o Sporting, infelizmente, não é um deles.

 

Um clube sem essa cultura bem incutida está mais dependente do perfil e da personalidade dos elementos de toda a Estrutura. Que engloba Presidente e/ou dirigente responsável pelo futebol, treinador principal e jogadores, entre outras figuras menos mediáticas mas não necessáriamente menos importantes na tal dimensão da mística. Estou convencido que o que está a acontecer ao nosso Sporting tem muito a vêr com isto e não deixa de ser surpreendente. Desde logo, porque o Sporting é, há longos anos, a equipa em Portugal que tem mais jogadores provenientes da sua Formação, o que deveria apertar mais os laços entre jogadores e clube. O clube é reconhecido em Portugal e no mundo como formador de um tipo de jogador especial, ainda não muito formatado tácticamente e estimulado no seu talento, chegando aos séniores ainda com algum "jogo de rua". Ainda assim, na minha ideia, poderá faltar em termos de complemento uma maior cultura de exigência, de excelência e de superação. Esses valores deveriam ser interiorizados desde cedo e fazer parte do ADN futebolistico de cada jogador. 

 

Chegámos à situação que todos conhecemos. Divergências profundas entre presidente (e treinador?) e jogadores ficaram subitamente expostas, faltou senso e temos um problema para resolver. Digo temos, porque cabe aos sócios encontrarem a melhor solução para o clube. Uma solução que não aliene definitivamente o que deve ser a estrutura orgânica e hierárquica de uma organização, mas que também não permita que se possam depreciar importantes activos da SAD/clube. Por isso, é preciso bom senso, equilíbrio e ponderação. Mais estudo e reflexão e menos intervenções públicas provenientes de todos os quadrantes e, especialmente, de dentro do clube. Aproveitar este tempo também para pensar o clube e a sua cultura. Temos uma direcção que foi eleita anteriormente com Bruno de Carvalho, mostrou competência e pode gerir interinamente, sem o actual presidente, o clube. Que, sujeita posteriormente a eleições, poderá vir a ser uma solução definitiva, porque não? O principal papel de um gestor é comprar tempo. Nunca, como agora, essa competência foi tão necessária e será tão posta à prova. É que o algodão não engana e os sportinguistas estarão atentos ao que os actuais Orgãos Sociais e sócios "ilustres" com expressão pública fizerem ao clube. 

 

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