Hoje giro eu - O melhor de Jesus
As sucessivas alterações do modelo de jogo introduzidas por Jorge Jesus nos seus três anos de Sporting levam-me a escrever estas linhas, na esperança de que possa ser visível para toda a gente aquele que é o ponto mais forte do treinador: a riqueza táctica que imprime às suas equipas.
Em 2015/16, Jesus implementou o 4-4-2 em Alvalade. Não exactamente aquele que tinha introduzido no Benfica, com dois alas bem abertos (Salvio e Gaitán), mas outro, bem mais complexo, com dois alas alternadamente a procurarem movimentos interiores, sendo que quando um procurava o centro do campo, o outro estendia-se na linha. A profundidade era assegurada pelo lateral adjacente ao ala que migrava para o meio. João Mário e Bryan Ruiz eram falsos alas, ou melhor, a ala era apenas o ponto de partida. Na frente, Teo Gutierrez (ou Montero) jogava por detrás de Slimani, assim ao jeito do que Jonas fazia com Mitroglou no Benfica da época passada. As diagonais dos alas, e consequente aproximação a Adrien e William, acabavam por provocar superioridade numérica no meio-campo e o resto da dinâmica era assegurada pelos movimentos circulares do(s) colombiano(s), exímio(s) a baralhar(em) marcações. Este 4-4-2 foi realmente inovador nos grandes em Portugal, pois diferia do Clássico (o de Jesus no Benfica) e do Losango (introduzido por Peseiro).
Em 2016/17, JJ ficou privado de João Mário e de Teo. Para compensar essas saídas, Jesus lançou Gelson e Alan Ruiz, respectivamente. O sistema alterou-se: Gelson é um jogador muito mais vertical do que João Mário e isso alterou a dinâmica. Por outro lado, Alan Ruiz é um misto de terceiro médio e segundo avançado, e joga mais recuado do que Teo, o que roubou espaço no meio a Bryan, condenando-o a converter-se num ala clássico, o que não resultou e explica em parte o "flop" em que se constituiu o costa-riquenho na última época. Esse sistema era um 4-2-3-1.
Este ano, o treinador leonino voltou a mudar o sistema. Com a chegada de Bruno Fernandes, Jorge Jesus remeteu o sistema do ano anterior para Plano B e adoptou como Plano A, o 4-3-3. Inicialmente, com Battaglia por detrás, assemelhava-se ao sistema implementado por Mourinho no Porto (Costinha, Maniche, Deco), com Batta, Adrien e Bruno Fernandes, sendo BF o mais avançado, Adrien logo atrás e Batta como último homem. Com a saída de Adrien e regresso pós lesão de William por vezes os 3 do meio parecem fazer um triângulo, com Batta mais recuado, junto a William. A mim, parece-me que a equipa desenvolve mais o seu futebol quando os 3 jogam de perfil (ilustração em baixo com o que consegui na net, curiosamente a equipa do Barcelona) ou em escadinha, sistema amplamente vitorioso em Guimarães e Bucareste (em Atenas, o argentino já jogou quase em linha com William).
Enfim, diversos sistemas que comprovam a versatilidade, criatividade e imaginação do técnico leonino. Fica a faltar, para tudo se aproximar da perfeição, melhor preparação dos jogos, maior conhecimento dos adversários e dos terrenos de jogo e alternativas aos actuais titulares. Resolvidos estes problemas, o título não nos fugirá.