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Hoje giro eu - O Gelson que não há em Octávio

Li n`A Tasca do Cherba e fiquei estupefacto. Não que duvidasse do postal de Cherba, citando correctamente o que Octávio Ribeiro escreveu em o Record. O que verdadeiramente me deixou estarrecido foi o arrozoado de generalizações e o preconceito estampado na ponta da pena do jornalista, director do Correio da Manhã.

 

Diz Octávio Ribeiro que " a ser verdade que o Sporting perdoou Gelson, é inadmissível e continua a senda de má educação global que o jogador ainda sofre, certamente desde as raízes de infância". O grande educador do proletariado, das massas, camarada Arnaldo M..., perdão, Octávio Ribeiro, que, enquanto director de um jornal, na minha opinião, promove um jornalismo que explora o pior que existe dentro de cada um de nós, o nosso desejo de "voyerismo", de sensacionalismo, de revanchismo, escolheu Gelson Martins como alvo da sua indignação.

 

Não acredito que se trate de uma manifestação racista ou xenófoba. Acredito mais que é apenas preconceito. Partindo de uma generalização bacoca e descurando completamente o livre arbítrio que permite a cada cidadão escolher o seu próprio caminho, apesar do caldo cultural em que está inserido, Octávio confunde tudo. Desde logo confunde pobreza com falta de educação, eventualmente códigos de etiqueta com boa formação humana. É que todos os testemunhos que oiço sobre Gelson apontam para um miudo sossegado, bom aluno enquanto estudante, sempre com um respeitoso comportamento e perfeitamente integrado na sociedade, podendo até funcionar como um exemplo paradigmático de como a igualdade de oportunidades pode funcionar como um ascensor social para os que nasceram mais desfavorecidos.

 

Gelson indubitavelmente cometeu um erro. Era até perfeitamente admissível, num contexto de exigência, que o Sporting o castigasse. Da mesma maneira que um automobilista é multado quando passa um sinal vermelho, mesmo que inadvertidamente e sem intenção dolosa. Mas, uma coisa é cometer um erro, outra é partir daí para uma acusação de "pobreza de valores". Quem nunca errou que atire a primeira pedra. Octávio promoveu uma lapidação do carácter do homem e da educação que os seus pais, no meio da maior das dificuldades, lhe conseguiram dar. A este propósito, um irmão mais velho de Gelson, Vitor Martins, atesta que o jogador, tal como os irmãos, benficia de uma característica passada pelos pais, o respeito pela disciplina. O mesmo corrobora o ENORME Aurélio Pereira, que diz que desde pequeno Gelson sempre procurou a tranquilidade e afastar-se de confusões.

 

Gelson deve os seus valores à boa educação que recebeu de seus pais. Deve a oportunidade que teve para singrar na vida ao seu talento e ao Sporting, especialmente a todos os técnicos e dirigentes dos escalões de Formação do clube que deram tanta importância ao seu comportamento enquanto homem como ao seu crescimento como jogador. Por isso, independentemente do erro que cometeu e que não deve ser desvalorizado, merece o meu apoio, o meu voto de confiança. Isso é que é importante. Chega de falar de alguém que nunca passará de uma nota de rodapé de um qualquer manual de jornalismo, que nunca será protagonista, que nunca despertará arrebatadoras paixões. Gelson merece muito mais do que um julgamento sumário feito por um "educador" de ocasião. Que incidiu sobre o ala leonino, mas bem poderia ter recaído, tal o nível de generalização, em Zinedine Zidane, o tal - na sua época o melhor do mundo - que foi expulso durante uma final do campeonato do mundo. Ainda bem para o Octávio que não se meteu com o astro, pois parece que Zidane é particularmente sensível a opiniões negativas sobre os seus pais. Que o diga Materazzi...

 

Para finalizar, e desejando que as consequências disto tudo - os prejuízos para o seu clube, a bicada da imprensa "amiga" - lhe sirvam de lição, gostaria de dizer a Gelson que, enquanto o seu comportamento social for exemplar como sempre tem sido, estarei com ele até ao fim. Gelson foi solidário com o amigo Ruben Semedo. Lamentavelmente, Octávio confundiu solidariedade com cumplicidade, tornando-se ele próprio cumplice de um julgamento sumário, sob a forma do texto que produziu, o qual pelos seus contornos de pré-conceito não pode e não deve ser esquecido "até ao fim do mundo".

gelson.jpg

 

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