Hoje giro eu - Jesus quer mais discípulos
A fazer FÉ no Jornal "O Jogo", Jorge Jesus entende que não tem segundas linhas à altura e quer ir ao mercado em Janeiro para reforçar 5 posições: defesa central, lateral esquerdo, médio ofensivo, extremo e ponta-de-lança.
Fazendo FÉ no Relatório e Contas da Sporting SAD, os proveitos ordinários (operacionais) originados pela sociedade não são suficientes para garantir a sua sustentabilidade (obrigando a vendas - proveitos extraordinários) atendendo ao necessário investimento na equipa de futebol, o qual tem crescido bastante nos últimos 2 anos.
Ora, uma coisa está intrínsecamente ligada a outra e é tempo de Bruno de Carvalho pôr termo a estas constantes exigências de Jorge Jesus, à sua impaciência, incapacidade de aproveitar o plantel ao seu dispor e melhorar os jogadores - que contrasta fortemente com o que Sérgio Conceição está a fazer no FC Porto - e permanente desculpabilização.
Em primeiro lugar, é necessário fazer o exercício de analisar se não temos em casa as soluções para as lacunas detectadas: começando pelo defesa central, JJ manifestou vontade em contar com André Pinto, tendo o Sporting contratado o atleta, o qual estava em final de contrato com o Braga. Inclusivé, após acordo com António Salvador, o atleta chegou a Alvalade ainda antes do final da época transacta o que lhe permitiu ambientar-se ao clube e aos métodos do treinador. A entrada deste atleta implicou a saída de Paulo Oliveira, um jogador que fez uma óptima dupla com Naldo em 15/16 antes de JJ ter mudado os centrais, colocando Coates e Semedo a titulares. O ex-vimaranense nunca comprometeu e constituiu-se sempre como uma confortável solução partindo do banco pelo que a sua venda só pode ter significado que Jesus apostava forte em André Pinto. Além disso, Tobias regressou e ainda temos o turco Demiral na equipa B. Assim sendo...
Na lateral esquerda, Jesus colocou de lado Jefferson e Marvin Zeegelaar (e até Esgaio que chegou a jogar no Dragão), apostando no empréstimo de Fábio Coentrão e no regresso de Jonathan Silva. Com o vilacondense a ser gerido com pinças, o argentino tem tido oportunidades, mas não se tem mostrado à altura do desafio, o que põe em causa as dispensas promovidas pelo treinador. Atendendo a que Coentrão terá de regressar ao Real Madrid, no final da época, aqui concordo que teremos de ir ao mercado.
A posição de médio ofensivo é actualmente preenchida por Bruno Fernandes e Alan Ruiz. A confirmar-se a saída do argentino - "cut your losses short" - o Sporting deveria promover o regresso de Francisco Geraldes. Num 4-3-3, volta a haver lugar para Xico, um médio com larga visão de jogo, a merecer uma oportunidade desde que o treinador não insista num ensaio sobre a cegueira.
Nas alas, JJ possui Iuri e Podence como alternativas. O açoriano precisa de algum acompanhamento psicológico que lhe reforce os índices de confiança, Daniel é um extremo de raíz que se perde como "mezzapunta".
Finalmente, à frente, Jorge Jesus tem actualmente um jovem internacional angolano de grande potencial. Gelson Dala é um jogador com finta, recepção orientada, rapidez e capacidade de concretização, qualidades que merecem a aposta do técnico.
Em resumo, as finanças do clube e o exemplo que vem do Norte - aproveitamento dos proscritos Aboubakar, Marega, Sérgio Oliveira, Diego Reyes e Ricardo Pereira, além da reabilitação de Brahimi - atestam a necessidade de desenvolver as competências internas e de promover soluções dentro do plantel (a excepção deveria ser a lateral esquerda). O trabalho meritório desta direcção não pode ser comprometido pela falta de atenção que o treinador parece devotar a algumas putativas opções.
Esta época navegamos sobre gelo fino. Não vendendo mais jogadores não há espaço para mais aquisições, se quisermos ter as contas equilibradas.
Tem a palavra Bruno de Carvalho...
P.S. Tantas vezes se tem criticado aqui (com alguma razão, diga-se) a política de comunicação do clube e do seu presidente que ficaria mal não elogiar as palavras de Bruno de Carvalho a propósito da visita a Oleiros, independentemente da contrariedade de ter de jogar num sintéctico, evidenciando uma sensibilidade fora do comum para com o sofrimento de uma população, mostrando aquilo que o futebol tem de melhor: paixão, festa e, já agora, solidariedade. Chapeau!!