Hoje giro eu - Almoço de "jaquinzinhos" (G15)
O G15 - nome copiado do célebre movimento de um grupo de países não-alinhados com a Nato ou Cortina de Ferro, representativos da América do Norte e Sul, África e Ásia - fez aprovar, em AG da Liga, um conjunto de medidas que, na opinião de um dos líderes do movimento, o presidente bracarense António Salvador, foram históricas para o futebol português.
Faço a minha declaração de interesses: acho que uma das soluções para a crise do futebol português passa por uma maior competitividade da Liga e, nesse sentido, tenho alguma simpatia por projectos que impulsionem um reequilíbrio de forças. Por isso, tive a curiosidade de ir lêr as propostas aprovadas nessa "célebre" Assembleia Geral. Acabei a concluir que a "montanha pariu um rato". Assim, tirando um desagravamento de umas inexpressíveis taxas televisivas - estamos a falar de 2500 euros - e de uma exigência de equidade na disponibilização de câmaras no visionamento dos jogos, medidas sem qualquer expressão, nada de relevante foi decidido que se perspective possa promover um novo equilibrio no futebol português. De facto, mesmo o limite imposto de cedência temporária de jogadores (6 dentro da mesma competição, 1 por clube) não irá resolver o problema de aglutinação dos melhores jogadores pelos "3 grandes", os quais facilmente contornarão esta medida através de vendas com acordo de recompra, o que, permitindo a esses jogadores defrontar o seu emblema de origem, até se prestará a uma maior suspeição, agravada pelo facto de ultimamente assistirmos a compras em pacote a clubes pequenos, alegadamente para resolver problemas de tesouraria destes. Algo substancial como a exigência de uma centralização na negociação dos direitos televisivos, mecanismos de compensação dos clubes mais pequenos, tectos salariais, limitação do nº de contratações ou imposição de um número mínimo de jogadores (por plantel) provenientes da Formação, nada.
O que esta reunião pareceu promover foi o ego e o desejo de afirmação do presidente bracarense, António Salvador. Além de ter insinuado que Porto e Sporting tentaram coagir a votação - algo prontamente negado pelo presidente do Belenenses -, Salvador teve o seu tempo de antena e ainda acabou a elogiar a postura do Benfica (depois de criticar Porto e Sporting), o que para quem quer percorrer um caminho independente não está nada mal, não senhor...
Estarão os "jaquinzinhos" a serem "comidos de cebolada" ou, como é mais usual, andarão acompanhados por arroz de tomate?
De resto, ingenuamente para alguns dos envolvidos ou não, o que marca esta reunião é a aprovação de uma alteração do ponto 2 do Regulamento Disciplinar, artigo 39º, que parece ter sido feita à medida da punição do presidente leonino, Bruno de Carvalho, quando enuncia que os presidentes dos clubes, a partir da 3ª suspenção numa época desportiva, deixam de poder marcar presença nos estádios onde a sua equipa actua. Um "must", um atentado às liberdades individuais!