Harpo calado e Groucho ausente
Eis um retrato, em rigoroso exclusivo, do Grupo do Café Império, imortalizado pelo presidente Bruno de Carvalho numa das suas intervenções mais destemperadas, a 5 de Fevereiro, disparando contra tudo e todos com o País a escutar, numa altura em que ainda queria ouvir a voz dos sócios - ao contrário do que sucede agora.
Esta tornou-se a sede informal dos nossos periódicos jantares de grupo, que continuam a ser muito concorridos. A escolha do local não é fortuita: o Café Império foi inaugurado em 1955, numa época em que o Sporting pontificava no futebol nacional, ainda com alguns dos Cinco Violinos - como Travassos e Vasques - em plena actividade.
Perante a ementa do costume - bife da vazia, com ovo a cavalo e muitas batatas fritas, tudo regado com cerveja da boa - abancámos para mais um convívio, sexta à noite, indiferentes à guerra que se desenrolava nesse mesmo momento nos ecrãs, com Bruno de Carvalho e Jaime Marta Soares roubando protagonismo às telenovelas.
Havia um ecrã ligado, mas sem som. O equivalente ao novo "porta-voz" leonino - também ele emudecido. Bruno de Carvalho contratou-o alegadamente para não se desgastar tanto a dar a cara e a enrouquecer ainda mais as cordas vocais. Mas o veteraníssimo Fernando Correia, afinal, tem primado pelo silêncio, enquanto o presidente fala mais que nunca. Um bocado à semelhança dos irmãos Marx: Harpo, o mudo, limitava-se a dedilhar a harpa enquanto Groucho, o fala-barato, palrava pelos cotovelos.
Em pleno Sporting versão Groucho, posámos para a fotografia.
Aqui estamos quinze: o Filipe Arede Nunes, o Francisco Chaveiro Reis, o Frederico Dias de Jesus, o José Navarro de Andrade, o João Caetano Dias, o João Goulão, o João Távora, o José Pimentel Teixeira, o Luciano Amaral, o Pedro Azevedo, o Pedro Bello Moraes, o Pedro Oliveira, o Rui Cerdeira Branco, o Tiago Cabral e o redactor desta acta. Que não será sujeita a nenhuma providência cautelar, antecipo desde já.
Guardámos uma cadeira para o Bruno. Mas, como sempre, ele não apareceu.