Glória no futebol e nas modalidades
Texto de Salgas
Quando estamos a poucos meses das eleições, é tempo de se fazerem reflexões.
Alguns pontos merecem destaque.
Em primeiro lugar, recordo-me muito bem do dia do ataque a Alcochete, das ameaças de rescisão de contratos que se seguiram e posteriormente se concretizaram.
Nesse momento, sabia que se seguiriam tempos conturbados para o nosso clube e a esperança de que voltássemos a conquistar algo de relevante no curto prazo era ténue.
Pior ainda, a própria sustentabilidade financeira do clube estava ameaçada face ao processo de rescisões que se iniciava, pois ninguém sabia realmente apontar qual o desfecho.
Por isso, quem assumisse [a liderança] nesse momento conturbado teria pela frente uma missão hercúlea para restaurar os danos causados pelo impacto desta situação.
Contra todas as expectativas, aquele grupo de rapazes, sob a batuta de Bruno Fernandes, foi capaz de conquistar dois troféus: Taça da Liga e Taça de Portugal. Neste último tive o prazer de assistir no Jamor.
Nesse momento disse para mim que o Sporting podia estar ferido, no entanto a sua grandeza, representada na fé da sua massa adepta, não o deixaria cair.
Realço que já nessa altura a aposta em Marcel Keizer, o primeiro treinador contratado por Frederico Varandas, revelava um perfil virado para a formação, o ADN que se queria recuperar para o nosso clube.
Apesar de ficar ligado aos troféus conquistados, acabou por sair mais cedo que o previsto no contrato, o que conduziu a nova travessia para encontrar o timoneiro certo para o projecto orientado para a formação. No fundo, alguém que pudesse ser uma espécie de Nuno Dias (treinador de futsal) do futebol. Isto depois de também vermos sair o capitão Bruno Fernandes, que gerou a maior venda alguma vez realizada pelo Sporting.
E eis que surge Rúben Amorim. Uma aposta de risco face ao investimento e que colocou em xeque o Presidente. Não gerou consenso, poucos ou nenhuns realmente apoiaram ou acreditaram que esta decisão fosse a mais correcta. Como li ontem nos jornais desportivos, nas palavras do treinador, Frederico Varandas e Hugo Viana eram "os maluquinhos dos dez milhões".
Crédito total para esta dupla, por em boa hora apostar no homem que nos devolveu o título de campeão nacional de futebol 19 anos depois.
[Amorim] fez mais que isso, naturalmente. Tornou-se o rosto do projecto idealizado por Varandas, assente na formação, e demonstrou como operacionalizar tudo isto de forma harmoniosa, sem abdicar da ambição de vencer cada partida.
Assim, às duas Taças conquistadas por Keizer, juntaram-se mais uma Taça da Liga, o campeonato já mencionado e mais recentemente a Supertaça. São cinco troféus no futebol no total deste mandato, pecúlio que pode aumentar até ao final da época desportiva em curso, dado que continuamos em todas as provas.
Uma nota ainda para o encaixe financeiro já realizado graças à Liga dos Campeões. São cerca de 45 milhões de euros só em prémios. A acreditar nos rumores, o PSG vai activar a cláusula de compra de Nuno Mendes, que considero o jogador-bandeira do projecto, pelo que podemos ver entrar cerca de 45 milhões de euros por um único jogador. São 90 milhões de euros em época e meia, a que se podem juntar mais 25/30 milhões de euros caso terminemos nos dois primeiros lugares no campeonato. O que por sua vez pode gerar valorização de activos para fazer novo encaixe no mercado de Verão.
Creio que por aqui se perceberá como é que a sustentabilidade financeira do Sporting pode ficar garantida com este projecto.
Última nota para a excelência das nossas modalidades. São o orgulho dos Sportinguistas: a glória das conquistas europeias marca uma página de ouro da nossa centenária história.
Por tudo que enumerei, parece-me da mais elementar justiça que Frederico Varandas e a equipa que reuniu dêem continuidade ao excelente trabalho realizado por mais quatro anos.
É minha forte convicção que ganhará por larga margem a próxima eleição.
Texto do leitor Salgas, publicado originalmente aqui.