Futuro (Imediato): um empate.
Em 5 de Fevereiro botei aqui o postal "O fim da linha" onde referi que o "o Bruno tem futebol para ser Cruijff e parece ter a cabeça do Balotelli. É uma pena, está ele nas vésperas de "passar ao lado de uma grande carreira"."
A 9 de Abril, referi o ataque que fez aos adeptos que gostam de ir para as roulottes (decerto que não os viscondes): "Bruno já caiu, apenas ele não o terá percebido, porventura nisso acompanhado de alguns poucos dos seus indefectiveis. Já aqui se disse, e muito bem, que fez "tilt" ...Neste triste final, dispara em todas as direcções, em particular contra a massa sportinguista, a nossa "demos", agora afinal meros energúmenos que nos divertimos nas roulottes, servis aos nossos apetites. É o destrambelho final."
Hoje de madrugada, na sequência da votação de quase 15 000 sócios, cujo resultado se associa a um evidente mal-estar generalizado na sociedade, tão expresso na imprensa, surge o texto de Bruno de Carvalho na sua (malfadada) página de facebook. Que é pungente. Pateticamente pungente. Mostra-o, como sempre, num tom de efectiva e mera auto-justificação, mostra um homem enredado em si próprio, incapaz de se engrandecer na compreensão dos outros e do meio circundante, como sobre ele botei em finais de Abril. Mas esse texto de Bruno de Carvalho tem uma dimensão essencial: BdC enuncia-se passado, anuncia-se passado. É passado. Acabou, definitivamente, e reconhece isso, numa até demencial explosão de amargura e peçonha.
E como tudo aquilo se tornou já passado há que pensar e sonhar o futuro. O imediato? Amanhã será o jogo da selecção nacional contra o Irão, no qual é preciso pelo menos empatar. E há isto de olhar para o Irão com simpatia, dado o destacamento português que o anima. Carlos Queiroz, figura fundamental no desenvolvimento do futebol no nosso país. Homem cuja importância não é suficientemente lembrada. Que nos deu grandes títulos, e numa era em que títulos colectivos eram miragens. Que depois tão maltratado em Portugal foi: sim, a gente pode continuar a resmungar contra aquela substituição do Paulo Torres (no 3-6, adianto para os mais novos). Mas foi indecente a forma como foi, bem depois, corrido da selecção, com intervenção do governo e tudo, e diante da mentalidadezinha de funcionário público autocrata daqueles "médicos" do serviço contra o doping. Há maneiras respeitosas de fiscalizar, há maneiras desrespeitosas de policiar. Queiroz (insisto, substituição do Paulo Torres à parte) tem uma carreira excepcional - quem ler a autobiografia de Ferguson fica até espantado com a dimensão e a densidade dos elogios que o grande treinador, verdadeiro ícone mundial, lhe faz. A relação dos portugueses com Queiroz é o caso típico de "santos da casa...".
E ainda por cima está por lá acompanhado pelo Grande Oceano, o sempre nosso capitão. A lembrar-nos, até, que os que fazem o Sporting são os atletas, de hoje e de antes. E convém lembrar isso.
Como estar assim contra o Irão?
O meu desejo, para o tal futuro imediato? Que a selecção empate o jogo. E que os nossos queridos vizinhos ganhem o seu jogo. Passaremos em primeiro lugar, seguindo para os jogos do "mata-mata" como dizia Scolari. E também os nossos Queiroz e Oceano. E que tenham o sucesso que lhes seja possível.