Fraco defeso
O saldo deste defeso no que respeita a jogadores tem sido, até agora, claramente negativo.
Em relação à troca de treinador acredito que saímos muito a ganhar e que será ele o único responsável por amenizar a péssima política desportiva seguida até ao momento. Mas vamos por partes.
As coisas ainda podem mudar, embora não acredite que mudem muito, ou a mudar até pode ser para pior, caso saiam William, Rojo (com a saída de Dier até já me parece importante mantê-lo, ao que isto chegou!) ou Slimani, só para citar aqueles de quem se fala.
De todas as contratações, até agora só Rosell e João Mário (é um regresso, mas para ser mais simpático vou incluí-lo no rol das contratações) acrescentam algo.
O espanhol é muito bom jogador e sem dúvida um acrescento de qualidade ao plantel, pela qualidade das suas decisões, pela capacidade de liderança e pelo que oferece à equipa colectivamente. O melhor reforço até agora.
João Mário está a comprovar o que todos esperávamos dele. Muita qualidade e depois do empréstimo vem com a motivação e maturidade competitiva em alta.
Todo o resto é mau demais para ser verdade.
Geraldes teria dificuldades em jogar de início na maioria das equipas do meio da tabela para cima. Não é nem nunca vai ser superior a Esgaio, mesmo que na minha opinião este possa vir a ser um médio interior de excelência, a jogar como lateral.
Paulo Oliveira daqui a dois anos quando tiver maturidade para ser titular do Sporting tem três centrais da formação (assim os saibamos manter e potenciar, o que não parece ser o caso) à sua frente, Semedo, Tobias e Domingos Duarte.
Slavchev parece ter algum potencial, mas não é superior a Wallyson Mallmann e tem a mesma idade, pelo que tenho dificuldades em perceber a contratação.
Tanaka é um híbrido. Tem alguns pormenores interessantes, nomeadamente de movimentação, mas dificilmente será titular e se Slimani sair, não faz sentido fazer uma época só com Montero e Tanaka.
Shikabala é um artista de circo, não é um jogador de futebol.
Sarr não conheço, mas assim que se oficializou a sua contratação tive o (bad) feeling de que significaria perder Dier.
Gauld é um caso difícil de explicar para um clube que tem tantos constrangimentos de tesouraria e toma a decisão de investir € 2,5M num miúdo de 18 anos, mas dou o benefício da dúvida.
Para piorar a situação, não conseguimos, até ao momento, fazer nenhuma venda de excedentários.
Capel mantém-se no plantel e não é aconselhável partir para uma época desportiva com Capel, Héldon, Carrillo e Mané como únicos extremos, pelo que a venda do espanhol é decisiva para que se possam canalizar verbas para adquirir um extremo decente e com capacidade de jogar mais perto de Montero.
Rojo deveria ter sido vendido capitalizando a presença no mundial, mas mantém-se no plantel e agora que Dier saiu, até parece imprescindível a sua manutenção.
O pior vem no fim.
Esta venda de Dier, apesar da justificação oficial levá-la para um plano de inevitabilidade (aguardemos a posição do próprio Dier e dos seus representantes), é um acto de gestão desportiva trágico. Seja ele imputado às direcções anteriores ou a esta, ou até a Leonardo Jardim por não ter percebido a valia deste jogador e não o ter colocado a jogar durante a época passada dando-lhe o tónico motivacional necessário para a renovação.
Hoje é o jogo de apresentação e lá estarei, como sempre, a apoiar o Sporting, com a ténue esperança de estar enganado na análise que faço do defeso, com a tristeza de não ver Dier no plantel, acreditando que ainda contrataremos pelo menos um extremo e Yohan Tavares, que William não saia e que Marco Silva consiga manter-se firme na adopção dos seus excelentes princípios de jogo.