Fim de ciclo
Se todos concordam que o jogo de ontem foi horrível, já cada um tem a sua opinião sobre as causas e mais ainda sobre o que deveria acontecer.
Para mim, e por muito mérito que tenha tido e teve anteriormente, o fim de Fernando Santos como seleccionador nacional aconteceu com a derrota estrondosa com a Alemanha no último Euro, onde falhou em toda a linha. Devia ter mesmo sido substituído no final dessa competição.
Mas não apenas ele. Portugal teria também de agradecer o contributo de muitos dos campeões europeus em França mas dar como finda a sua participação na selecção, e apostar na nova geração (abaixo dos 30 anos) que está a fazer pela vida em Portugal e em clubes de topo europeus. Ficariam apenas Rui Patrício, Pepe e Cristiano Ronaldo que já conquistaram outro patamar, fazem parte da solução e não do problema, o problema são os outros "de barriga cheia" que não "carregam o piano" para que aqueles atrás citados possam dar o seu melhor.
Uma selecção não é uma colecção de cromos. Não se colocam a jogar 11 Bernardos Silvas, só um deles tem lugar no onze e no lugar dele e não noutro qualquer para acomodar outro Bernardo. Não se escolhem jogadores por prémio pelo que fizeram nos clubes, e muito menos para reabilitar jogadores que falharam nos clubes. Escolhem-se porque fazem falta à equipa de acordo com o modelo de jogo ou sistema táctico que se tenha.
Por outro lado, uma selecção terá sempre de apoiar-se em rotinas que vêm dos clubes, não pode passar ao lado de pequenas sociedades em plena laboração como a de Bruno Fernandes e Cristiano Ronaldo no ManUnited, de Cancelo e Bernardo Silva no ManCity ou a de Palhinha e Matheus Nunes no Sporting.
Fernando Santos foi um grande seleccionador, campeão europeu em França, vencedor da Taça das Nações, não soube retirar-se a tempo, se calhar depois do último Euro onde falhou rotundamente, agora está a estragar a boa imagem que conquistou, resume-se a um critério de selecção errático e impossível de entender e às tristes figuras que faz nas conferências de imprensa, especialmente quando lhe perguntam "Porque é que Portugal com tanto talento joga tão pouco futebol?
Precisamos dum seleccionador nacional com grande experiência, espírito de missão e capacidade para lutar contra a clubite, contra a "empresarite", contra a "amiguite", mas também com capacidade de pôr a selecção a jogar futebol, fazer do todo muito mais do que a soma das individualidades.
Precisamos mesmo dum novo seleccionador nacional, mas para fazer diferente, para fazer melhor. Se é para baralhar e dar de novo conforme as viciadas regras, não vale a pena.
SL