Faz hoje um ano
Imediatamente antes do jogo Sporting-Aves, que marcou a estreia de Rúben Amorim como treinador do Sporting, houve junto ao nosso estádio uma manifestação contra o presidente Frederico Varandas com a presença de largas centenas de adeptos e a entusiástica adesão da chamada Juventude Leonina.
A manifestação acabou por se prolongar nas bancadas do estádio, sobretudo na curva sul, de onde logo no início da partida já se escutavam indignadíssimos gritos não apenas contra os dirigentes do clube mas contra os próprios jogadores.
«Estavam decorridos apenas 15 minutos quando começaram a escutar-se, de forma bem audível, vaias insistentes aos jogadores leoninos, cruzadas com gritos como "joguem à bola", "corram", "chutem". Quando será que estes adeptos perceberão que um ambiente tão hostil só perturba e desconcentra a equipa?» Palavras minhas, escritas no rescaldo desse jogo, que terminou com vitória do Sporting (2-0, golos de Sporar aos 62' e Vietto aos 64').
Fazendo uso da liberdade que me assiste, deixei claro antes da partida que não participaria naquela manifestação. E expliquei porquê.
Num texto de que transcrevo este excerto:
«Há duas atitudes que nunca tomei nem tomarei: assobiar quem preside ao clube enquanto estou na bancada do Estádio José Alvalade e integrar protestos públicos em dias de jogo. Desde logo porque uma coisa e outra desestabilizam a equipa e dão alento aos nossos adversários. E eu apoio sempre a equipa - seja quem for o presidente, seja quem for o treinador.»
E mais este:
«Respeito quem se manifestar mas considero um erro que este protesto público ocorra imediatamente antes do Sporting-Aves - tratando-se ainda por cima do jogo em que se estreia o sucessor de Silas, que a partir de hoje é o timoneiro do plantel leonino, gostemos ou não do tempo e do modo como foi contratado.»
Para concluir: «Serei sempre o último a contestar o direito à manifestação. Mas estarei sempre entre os primeiros que advogam uma separação clara entre dia de protesto e dia de jogo. É quanto basta para não aparecer lá.»
Na caixa de comentários, reagindo ao que escrevi, logo apareceu o antigo presidente Bruno de Carvalho, que à epoca aqui surgia com alguma regularidade. Com tanta rapidez, nesse dia, que até foi um dos primeiros a comentar:
Tudo isto a 8 de Março de 2020.
Relendo hoje o que ficou escrito, não tenho a menor dúvida em concluir de que lado estava a razão.
E aproveito para alargar o debate aos leitores. Para que possam também pronunciar-se sobre o tema.