Faz hoje um ano
Tiro e queda: cada vez que surgia um problema sério no Benfica, logo Bruno de Carvalho ocupava o espaço noticioso, roubando protagonismo ao clube rival. Que certamente lhe terá agradecido tal alívio nessas horas de aperto.
Faz hoje um ano, voltou a acontecer. A Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa emitiu um comunicado a 6 de Junho de 2018, revelando que estava a investigar crimes de branqueamento e fraude fiscal no Benfica, havendo a suspeita de que a suposta lavagem de dinheiro poderia atingir dois milhões de euros.
Nesse mesmo dia, e após ter sido tornada pública a incómoda notícia para os encarnados, Bruno de Carvalho decidiu convocar uma conferência de imprensa em que disse alto e bom som que não haveria assembleia geral no Sporting a 23 de Junho, desautorizando por completo a Mesa da Assembleia Geral, entre críticas duríssimas a Jaime Marta Soares.
Desviando assim o foco novamente para Alvalade.
A situação tornava-se cada dia mais caótica. Carvalho via jogadores emblemáticos saírem alegando rescisão com justa causa após terem sido agredidos na Academia de Alcochete - com imagens que haviam dado a volta ao mundo. Perdia o treinador que três anos antes anunciara aos sportinguistas como futuro campeão e afinal nada ganhou no Sporting. Perdia quatro elementos do seu próprio Conselho Directivo. Via o seu braço direito para o futebol ser constituído arguido por suspeitas de corrupção. Deixava ruir a equipa B, que descia de divisão e acabava por ser dissolvida. Tentava lançar um empréstimo obrigacionista totalmente fracassado. Confessava que o clube tinha sérios problemas de liquidez.
Mais: nessa mesma manhã via um administrador da SAD, Guilherme Pinheiro, bater-lhe com a porta na cara, alegando ter sido desautorizado em negociações com o empresário Jorge Mendes que Carvalho autorizara.
E via o líder da Juve Leo ser detido juntamente com três outros elementos desta claque.
Como reagimos aqui?
Escreveu o Edmundo Gonçalves:
«Tendo como certo que haverá uma AG destitutiva, pode não ser a 23 de Junho mas ela irá ter lugar, imaginemos que os sócios, aqueles que têm direito a voto, votam pela não destituição do CD. Obviamente que pode suceder o contrário, é até expectável, mas se acontecer este cenário? Garantirão os sócios proponentes, pelo menos esses, dessa AG que acatarão a vontade da maioria dos associados?»
Escreveu o JPT:
«O que me irrita mesmo são os outros sonsos, no meio desta demência toda. Os que acham tudo bem, que BdC está todo bem, e ele que ocupe o espaço a esbracejar porque tem razão (alguém que candidata um homem a presidente da AG por duas vezes, pode dele dizer o que disse, hoje?). Que esta capacidade de queimar tudo em sua volta, e de capear a extrema dificuldade porque passa o polvo no futebol e no clubismo, seja esquecida.»
Escreveu o José da Xã:
«Sinto-me perdido, como se tivessem arrancado uma parte de mim. Um pedaço muito grande. Não imagino qual será a minha relação futura com o Sporting, mas vivo agora uma espécie de luto por um clube a que, mesmo nas derrotas, me orgulhava de pertencer. Será que algum dia acordarei deste pesadelo?»
Escrevi eu:
«Há sempre alternativa. Só na Coreia do Norte e nos cemitérios não existem alternativas.»