Faz hoje um ano
16 de Maio de 2018, o dia que se seguiu ao vergonhoso assalto dos jagunços pseudo-sportinguistas à Academia de Alcochete. A notícia das agressões de que os jogadores tinham sido vítimas na academia leonina dava a volta ao mundo. Tornando o Sporting famoso pelos piores motivos. E já se falava nas rescisões unilaterais de contratos de jogadores, como Battaglia e Acuña.
Falando um pouco por todos os seus colegas, Bas Dost declarou, ainda claramente combalido: «Ficámos todos aterrorizados, aquilo foi uma ameaça real. Sinto-me completamente vazio, foi um drama para todos.»
Um dia em que aqui foram publicados 29 postais.
Limito-me a uma síntese, um ano depois.
Por ordem cronológica de publicação dos textos.
Escreveu o João Goulão:
«Será que isto vai acabar rapidamente? Ponho as minhas dúvidas. Preferia ver a equipa recomeçar nos Distritais do que assistir às imagens que nos mostraram cenas em que pouca gente podia acreditar.»
Escreveu o Duarte Fonseca:
«Onde estão os restantes administradores e membros do conselho directivo da SAD e do Clube? Porque é que ainda não se demitiram deixando este psicopata sozinho? O que é que os agarra ao poder?»
Escreveu o José Navarro de Andrade:
«Ontem à tarde o Sporting faliu moralmente. Ontem à noite o Presidente fez declarações que demonstram um estado patológico e terminal de alienação. Não sei o que nos resta.»
Escreveu o Francisco Melo:
«A situação directiva no Sporting degradou-se de tal modo que a única saída airosa é a convocação de eleições antecipadas. Todos já entenderam isso, com excepção dos agarrados ao lugar. Se está escrito nas estrelas, para quê, então, deixar passar mais alguns dias?»
Escreveu o Ricardo Roque:
«Se Bruno de Carvalho estivesse ontem, em Alcochete, naquela fatídica hora (e não era suposto estar?), teria sido agredido? Teria feito frente aos criminosos terroristas e defendido os agredidos, segundo ele a família que escolheu?»
Escreveu o Filipe Arede Nunes:
«Não vejo como é que vamos sobreviver a isto. Infelizmente isto não é um pesadelo, porque se fosse pelo menos sabia que iria terminar. Temo que isto tenha sido um golpe fatal e, a ainda existir, o Sporting saído deste tormento estará devastado.»
Escreveu o José da Xã:
«Foi costume dizer-se em tempos de outras crises: o Presidente passa, mas o clube fica. Talvez por isto tenha alguma dificuldade em perceber que no Sporting o presidente é que fica e o clube é que passa.»
Escreveu o Frederico Dias de Jesus:
«Uma coisa é combater os podres do futebol, outra é incendiar a nossa casa, qual Nero, tornando-se uma via aberta para permitir comportamentos criminosos que comprometem a conquista de uma Taça importantíssima para o clube.»
Escreveu a Marta Spínola:
«O que aconteceu ontem nunca podia ter acontecido. Nunca. Não os aplaudam se não quiserem, mas pelo menos mostrem que não somos como aqueles palermas que ontem invadiram a Academia.»
Escreveu a Zélia Parreira:
«Desde ontem, sinto uma vergonha imensa e uma tristeza devastadora. Só eu sei o que significa uma jornada em Alvalade com a minha família, com o orgulho de uma história limpa e honesta. Não perdoo a quem nos roubou isto. Jamais perdoarei.»
Escreveu o Edmundo Gonçalves:
«Há por aí muito boa gente que vai escrevendo e declarando, achando-se o direito pelos cargos que ocupa, por entrelinhas que o bárbaro, nojento e triste ataque de que foram alvo o Sporting, a sua academia, os seus jogadores de futebol, técnicos e outros colaboradores, ontem à tarde, foi orquestrado pelo presidente do clube, Bruno de Carvalho, sendo ele o directo mandante do acto. Devo dizer que, se isso for verdade, será o mais baixo estádio a que o ser humano pode descer, de tão vil e abjecto. Eu não dou para esse peditório.»