Faz hoje um ano
Em conferência de imprensa, Jesualdo Ferreira prometia tudo fazer para conduzir o Sporting à disputa de uma competição europeia. "Queremos tornar a equipa mais competitiva e preparar, de uma forma segura, o que serão os próximos meses e as bases da próxima época: criámos o nosso modelo e é nele que vamos apostar", declarou o treinador.
Também Godinho Lopes falou à comunicação social naquele dia 1 de Fevereiro de 2013. Numa espécie de declaração de guerra a quantos defendiam a sua destituição, deixou claro que não pretendia "entregar o clube a gente que nunca apresentou uma solução" pois isso "seria o caos".
Foi uma conferência de imprensa lamentável a vários títulos.
Sem uma frase de mea culpa, sem o reconhecimento de um erro, sem um traço de humildade, o presidente leonino invocou a sacrossanta "estabilidade do clube" enquanto lançava litros de gasolina para uma fogueira que não cessava de arder. Disse não ter medo de "enfrentar os sócios" mas recusou reconhecer que ele próprio era o maior foco de instabilidade num clube que se tornara num contínuo vaivém de treinadores, jogadores e dirigentes desde o início do seu mandato. Veio invocar as proezas registadas nas modalidades sem admitir que no futebol profissional o Sporting vivia a página mais negra do seu longo e prestigiado historial. Disse que nunca fez promessas, já esquecido das abortadas garantias de "dinâmica de vitória", das "estratégias de internacionalização" jamais concretizadas e do clube "independente da banca" que não passou de miragem, usadas como chamariz eleitoral para captar os votos dos sócios em Março de 2011.
Afirmou ainda querer unir os adeptos sem reparar que nunca a desunião entre os sportinguistas fora tão notória.
Num dia fértil em notícias, ficávamos ainda a saber que o Tribunal Cível de Lisboa tinha indeferido a providência cautelar interposta pelo Conselho Directivo do Sporting para impedir a assembleia-geral extraordinária do dia 9. "Nunca imaginei que algum juiz pudesse dar provimento a uma providência cautelar destinada a impedir o debate entre os sportinguistas, na sede própria para o efeito, condicionando a autonomia associativa e a liberdade de reunião consagradas na nossa lei fundamental", comentei aqui.
Fechara entratanto o mercado. E o balanço, pela parte do nosso clube, não podia ser pior. O Sporting anunciara a contratação de Niculae e desistira dele em pouco mais de 24 horas. Falhara a transferência de Kléber do Porto para Alvalade. Paulo Henrique fora outra promessa abortada. Para cúmulo, Viola já não escondia o desejo de voltar à Argentina.
"Onde é que esta gente anda à procura de jogadores para reforçar a equipa? No custo justo? Não acertam uma", perguntava o Adelino Cunha. E perguntava bem.