Bastava que estivesse na Tribuna um dos vossos dirigentes fascistas, para serem obrigados pelo regulamento em vigor a fazer esta saudação. Se não o fizessem seriam eliminados das provas. E por isso TODOS os clubes que participaram nas competições fizeram esta saudação: Benfica, Sporting, Porto, Académica, etc., etc., O senhor PC, como pessoa bem informada, tinha a obrigação de saber. Como pessoa séria e honesta tinha a obrigação de escrever uma nota explicativa do fenómeno e não apelar ao instinto mais básico e selvagem das suas hostes. Mesmo que o seu clube esteja nesta fase Brunista em que parece que todos os meios são legítimos, desde atinjam os fins pretendidos...
Mas quem é que aqui defendeu essa tese? Não me lembro de ter lido aqui em lugar nenhum.
O Benfica não é, nem nunca foi um partido político nem organização ideológica. Foi e é um Clube dedicado à prática e fomento do desporto, com destaque para o Futebol. O Benfica foi sempre um clube de tolerância desde a sua fundação. O Benfica caracteriza-se por nunca descriminar ninguém pelas suas opções políticas e ideológicas, independentemente das opções ou realidades do país.
Na monarquia ou na República, conviveram no Benfica monárquicos e republicanos, dos moderados aos radicais. Durante o regime fascista, o Benfica acolheu sem descriminações democratas e salazaristas, situacionistas e oposicionistas. Depois do 25 de Abril nunca se descriminou ninguém pela sua ideologia política.
O que nunca se permitiu, ao contrário de outros que agora ser armam em virgens, foi que o clube fosse utilizado para a actividade política e partidária. O que nunca se impediu no Benfica durante o Estado Novo foi que os democratas, os oposicionistas ou do “reviralho”, ocupassem lugares de direcção, ao contrário de FCP e SCP, cujos dirigentes estavam maioritariamente ligados ao aparelho corporativo (deputados da União Nacional, ministros e dirigentes regionais da União Nacional) e repressivo (PIDE e Legião Portuguesa) do Estado Novo. O Benfica nunca teve nenhum presidente da Direcção que estivesse ligado ao Estado Novo, mas teve vários conotados com a oposição.
Por isso, por mais que os Goebells repitam, o Benfica nunca foi o clube do regime fascista ou de qualquer outro regime.
Essa tese já foi defendida hoje, por mais de um lampião, nestas caixas de comentários. Aludindo às bandeiras vermelhas, aos equipamentos "encarnados", ao hino 'Avante' substituído pela ária das papoilas... Tenham paciência, mas não nos venham dar lições de "antifascismo" benfiquista. Com braços erguidos ao jeito do Mussolini, jogadores acarinhados pelo Salazar, um presidente procurador da Câmara Corporativa fascista, etc, etc.
Percebeu mal. O facto do hino original «Avante pelo Benfica» ter sido proibido durante o Estado Novo, não faz do Benfica um clube antifascista. O facto de Salazar não gostar do "vermelho" das camisolas, e ter dado instruções para os órgãos de propaganda do Estado Novo passarem a falar em "encarnado" para não usar a palavra que Salazar não gostava, não faz do Benfica um clube antifascista.
E o que também não faz, com toda certeza, é do Benfica um clube do regime e muito menos um clube de que Salazar gostava (ao que consta não gostava de futebol nem de nenhum clube).
Em suma: Como referi atrás o Benfica não é um partido, nem oposição a partidos. No Benfica sempre houve lugar para todos os que tivessem um objectivo comum: praticar desporto e apoiar as suas equipas.