Eu odiava este gajo
Sigo esporadicamente o andebol do Sporting, mas não perco um clássico.
Não acompanho as contratações e movimentos de jogadores no Sporting e noutros clubes.
"Em verdade vos digo" que nem sequer conheço todos os jogadores de andebol do Sporting e se calhar até me fica mal dizê-lo aqui, em público, mas no início da década passada, dava-me cá uns nervos, de cada vez que defrontávamos o Porto... Os gajos apresentaram um redes alto e esguio que fazia defesas impossíveis e aqueles remates que a gente gritava "golooooo", o gajo ia lá buscar a bola como que por artes mágicas. E se perdemos jogos só pelas defesas daquele mulato, caramba!
E eu durante uma hora chamava-lhe tudo, mas cá com uma inveja de ele não ser dos nossos...
O que é certo é que passados uns anos passou a ser mesmo dos nossos, de Portugal, e passeou classe por esses pavilhões onde a nossa selecção convenceu, mesmo às vezes não vencendo.
Eu odiava aquele gajo durante o tempo de jogo em que nos defrontava. Mas o gajo era mesmo bom. Consta que como pessoa era também um rapaz bom, ou não fosse cubano (desculpem-me, mas tenho muitos amigos cubanos e a bondade e a simpatia são uma qualidade associada).
E assim, sem mais nem menos, partiu. De forma estúpida, sem sentido, quando tinha a vida pela frente. Tem(tinha) a idade do meu filho mais novo.
Morreu numa idade em que deveria ser proibido morrer.
Que descanse em paz, com toda a minha admiração e a revolta da enorme injustiça que é privar-nos da sua magia em campo.
A minha enorme vénia e pesar, Alfredo Eduardo Quintana Bravo.