Eu, o Varandas e o Keizer
Aqui escrevi contra a mudança de treinador, e acima de tudo pela forma como o presidente Varandas - sobre o qual também antes expressara o meu desagrado - despediu Peseiro e demorou na contratação do seu substituto, considerando que o processo deveria ter sido pensado antes da mudança. E, em comentários avulsos no blog, fui resmungando sobre a pertinência de ir buscar um treinador estrangeiro, jovem de 49 anos (!), sem currículo particularmente relevante. E depois dei conta da minha pessimista expectativa, a de que no campeonato os velhos "lobos do campo", sabidos e rijos, como Vidigal ou Castro por exemplo, triturariam o futebol "romântico" que Keizer aparenta seguir.
Pois até pode ser que isso venha a acontecer - o sofrível Aves de Mota soube bater-se. E é certo que nesta sucessão inicial de vitórias com resultados bojudos vários jogos foram com equipas relativamente fracas. Continua assim a ser provável que venham desaires no futuro. Mas é notório que tudo vai tão diferente. Do amargurado período Peseiro, ainda que este macerado pelo horrível Verão Quente de 18 e por lesões de jogadores cruciais (veja-se como o Bruno F. regressou, como Wendell foi recuperado ou como Gudelj é futebolista). E, estruturalmente ainda mais importante, como tudo vai diferente da rispidez do consulado jesuítico. Esse que estava verdadeiramente esgotado, e sobre o qual em 4 de Março botei aqui julgo que o modelo "Jorge Jesus", por mais acertada que tenha sido a aposta, e por mais competências, inegáveis, que o treinador tenha, não tem muito espaço para perdurar. Trata-se agora, para além de apoiar a sua equipa e esperar algum triunfo, de tentar encontrar "the next big thing". Um bom treinador, que potencie o modelo Sporting.
Ora vejo agora uma equipa tão mais liberta da inibidora tensão que presidente, treinador e adeptos, cada qual à sua maneira e com muito diferentes legitimidades, convocavam. E acima de tudo vejo um treinador, recém-chegado, com a determinação e confiança suficientes para colocar vários jovens vindos das escolas do clube. Uns destes vingarão no clube, outros seguirão as suas carreiras alhures, espero que com os sucessos possíveis. Mas têm agora um treinador que os considera o património do clube. E com eles nos alegra. Ou seja, Varandas encontrou (diz-se que por conselho de Jardim, e se for verdade está de parabéns por saber aceitar bons conselhos, como os dirigentes qualificados fazem) mesmo "the next big thing". Talvez onde não esperássemos, e por isso mesmo mais saboroso é reconhecê-lo. (E o melhor que podemos fazer é não lhe exigir já o título. Deixem "isto" medrar, sff.).
Mas recordo os meus resmungos contra Varandas e Keizer. Que não eram má-vontade, pois só desejo sucessos ao clube. Vinham da desconfiança, da caturrice deste proto-idoso com manias que sabe. Assim, e depois de mais esta vitória, contra os simpáticos polacos ou ucranianos ou lá o que eram, com 6 ex-juniores (como se dizia antes) em campo, o Mané e mais 5 putos, sinto-me obrigado à penitência. Pública.
A qual é a devida a qualquer treinador de sofá idiota: como não tenho chapéu comerei agora este meu gorro (5 euros de material sintético), acompanhado de maionese de pacote. E viva o Keizer! E o Varandas!