Estruturas e cortesias
Vale a pena lembrar que o tema deste campeonato, desde a passagem de Jesus do Benfica para o Sporting, foi "Jesus vs. Estrutura". Ou seja, a pergunta era: quem ganhou os últimos campeonatos para o Benfica? Jesus ou a "Estrutura" do Benfica? Se Jesus ganhasse no Sporting, mostraria que a "Estrutura" afinal não era decisiva. Se o Benfica voltasse a ganhar, mostraria que era mesmo decisiva.
Os campeonatos ganham-se na margem. Toda a gente sabe que, em média, Sporting, Porto e Benfica têm, à partida, condições para ganhar à maior parte das outras equipas. Mas ganhar mais ou menos do que os outros dois depende dessas margens. Um bom treinador versus um mau treinador dá uma margem positiva: são os casos de Sporting e Benfica (com bons treinadores) versus Porto (com um mau treinador cujo lastro ainda ficou); é o caso do Sporting versus Benfica, já que Jesus é melhor treinador do que Vitória.
O contributo da "Estrutura" também acontece na margem. Não podíamos ter melhor exemplo disso do que a última jornada. Enquanto o Sporting teve de se esfalfar para sacar um empate contra uma equipa de nível inferior e o Porto perdeu mesmo, ao Benfica foi-lhe oferecida uma passeata no Restelo (desde há uns anos que o Belenenses é aquilo que em tempos o Alverca e o Estoril representaram também para o Benfica: vitórias garantidas e vida negra para Sporting e Porto). E caso isso não tivesse bastado, estava lá o árbitro, que poupou a expulsão do novo Maradona (recorde-se que ele poderia ter sido expulso na jogada da cotovelada; mas se o árbitro decidisse mostrar apenas amarelo nesse momento, seria a segunda falta digna de amarelo, pois na do primeiro golo já tinha rasteirado sem bola um defesa do Belenenses).
Pois, a "Estrutura" oferece estas pequenas margens, que no final se podem revelar decisivas. Os jogadores do Sporting têm de dar o dobro para fazer com que assim não seja.