Este ano são menos três Gamebox
É extremamente triste chegar a meados de junho e regressar ao És a Nossa Fé não para comentar o defeso, não para fazer o balanço da época e das nossas vitórias, não para renovar a esperança no que aí vem, comentar contratações, novos equipamentos, mas antes vir dizer que o meu lugar, mais o dos meus filhos, este ano será em casa. Não estou doente, não fiquei pobre, simplesmente mantenho um mínimo de amor próprio e alguns limites à emoção. Não acredito em relações desequilibradas e desrespeitosas. Ou há amor ou então não há interesse que nos valha. E, este ano, as novas gentes que comandam o Sporting ultrapassaram tudo o que era razoável na forma como remodelaram uma parte da relação.
Foram 11 anos de compra ininterrupta de gamebox ao que somo mais alguns de gamebox adepto. Este seria o ano em que iria comprar a 4ª Gamebox cá de casa para completar a promessa à totalidade da prole de pequenos leões.
Sucede que num ato completamente desfasado da realidade e que acredito ser genuinamente atentatório dos interesses do clube de curto, médio e longo prazo, descobri que teria de praticamente duplicar o investimento de um ano para o outro só para conseguir manter os três lugares e juntar-lhe uma quarta gamebox de criança.
54, 45, 96 e 189. São os números mágicos. Os três primeiros são o aumento dos preços das renovações para o setor B1. Adulto, Mulher (no Sporting as crianças do sexo feminino pagam bilhete de mulher a partir dos 12 anos) e criança. O quarto número é o novíssimo preço para criança nesse setor. Saltou de €93 para €189, mais €96.
Bem sei que somos diferentes, tão diferentes que deixamos de ser crianças aos 11 anos quando os lampiões ali ao lado têm bilhetes com 50% de desconto até aos 17 anos, desde que acompanhados por um dos pais. E eu este ano vou também ser diferente, premiando a genialidade do novíssimo marketing do Sporting. Mantendo-me fiel a mim mesmo. Há limites. Houve limites com o descontrolado e parece que tem que haver limites, de novo, agora por uma surpreendente questão de finanças, mal desenhada, mal comunicada e completamente ofensiva.
Não me vou alongar mais. Retiro as minha conclusões e votarei (para já) com os pés, abandonando Alvalade e reservando-a para idas esporádicas, à boleia de alguma "ativação de marcas" ou de alguma "nova forma de experienciar" a ida ao Estádio que certamente irão surgir como grandes novidades este ano. Talvez, até, bem mais interessantes do que as ofertas que vejo concedidas a quem quer insistir (podendo ou não podendo) em ser fiel ao Estádio.
Não sei de que planeta aterraram estes seres do novo marketing do Sporting, mas vai ser uma experiência certamente interessante se prosseguirem por aqui.
Venha de lá o clube das elites e veremos quanto tempo mais sobreviveremos sem campeonatos ganhos e com um "all in" na produtização total da experiência Sporting.
Entretanto, as crianças não irão para nenhum sector gueto, ficarão em casa, tal como eu, solidariamente. Não tenho cara para ir sozinho sem eles, depois do que lhes prometi. É a vida. É a procura e a oferta de sabonetes, pura e dura.
Meninos com dinheiro, há uns lugares porreiros no B1 que vão vagar. Talvez haja croquetes para acompanhar.
Divirtam-se.