Estamos agora a três pontos do pódio
Sporting, 3 - V. Guimarães, 0
Imagem que reflecte bem esta partida: pressão alta leonina do princípio ao fim
Foto: José Sena Goulão / Lusa
Mais vale tarde que nunca. Regressámos às vitórias, após três derrotas consecutivas para duas competições diferentes. Perante o nosso público, com fraca afluência nas bancadas (pouco mais de 27 mil espectadores), o Sporting teve um triunfo concludente, sem a menor contestação, num desafio de sentido único. Sempre com pressão alta leonina, de olhos fitos na baliza vitoriana. Procurando dois objectivos: marcar cedo e ultrapassar a turma minhota na classificação. Ambos foram concretizados.
Logo nos primeiros 20 minutos, três oportunidades desperdiçadas: Pedro Gonçalves, em excelente posição, atirou ao lado, Morita rematou forte mas permitiu a defesa de Bruno Varela e Porro cabeceou a rasar o poste.
Seria mais do mesmo? Não. Desta vez houve uma inegável diferença de atitude: nada a ver com o estilo pastoso e molengão da jornada anterior, em Arouca, onde deixámos três pontos. A equipa mostrou-se veloz e acutilante, com Matheus Reis a desenhar sucessivos passes de ruptura e Arthur muito dinâmico nas transições, confirmando que tem valor para ser titular. Porro desequilibrava à direita, Morita apoiava o ataque avançando vários metros para além de Ugarte. Pequenas alterações no sistema do treinador que deram fruto.
O Vitória ajudou quando Afonso Freitas, já amarelado, fez segunda falta para cartão em lance que até poderia merecer vermelho. Manuel Mota, anteontem com boa actuação em Alvalade, não hesitou, expulsando o jogador faltoso. Era o minuto 27': a partir daí jogámos sempre em superioridade numérica, o que muito nos ajudou neste triunfo robusto.
Vendo este Sporting tenaz e confiante faz-nos concluir que o potencial está lá, apesar dos desaires já registados. Nem podia ser de outra forma: no sábado à noite havia seis campeões nacionais 2021 entre os nossos onze que entraram de início. Toda a diferença esteve na energia posta em campo por quase todos.
Rúben Amorim foi arguto na leitura do jogo. Nomeadamente ao trocar Nazinho por Edwards aos 33': o inglês foi a figura da partida, com dois golos marcados e assistência para um terceiro. É agora o nosso principal artilheiro, destronando Pedro Gonçalves.
O V. Guimarães, sempre pressionado, mal conseguiu sair do seu reduto. E nem um remate enquadrado conseguiu fazer: Adán teve uma noite tranquila. O Sporting esteve sempre mais perto do 4-0 do que os minhotos do 3-1.
Menos positivo foi o trabalho de alguns dos suplentes. Rochinha, Sotiris e Trincão, cada qual a seu modo, tardam a vingar como verdadeiros reforços leoninos.
De qualquer modo, o principal foi feito: nossa segunda vitória mais expressiva no campeonato - dois meses após a goleada ao Portimonense, por 4-0, em Alvalade - e regresso que já tardava a um desfecho sem golos sofridos. Prenúncio de mudança de ciclo, no melhor sentido do termo? É cedo para dizer.
O facto é que subimos na classificação, ultrapassando o Vitória: estamos agora em quinto lugar. E só não ascendemos ao quarto posto porque o Casa Pia - equipa sensação desta Liga 2022/2023, venceu ontem o Braga como visitante. Estamos, à 12.ª jornada, a três escassos pontos do terceiro posto, ocupado pela turma braguista. Que, não esqueçamos, ainda terá de se deslocar ao nosso estádio.
Só dependemos de nós para atingir o pódio
Breve análise dos jogadores:
Adán - Noite de pouco trabalho: não fez uma defesa digna desse nome. Tranquilo entre os postes, recebeu de Coates a braçadeira de capitão aos 64'. Distinção merecida.
Gonçalo Inácio - Voltou a fazer duas posições, primeiro como central à direita, depois no eixo. Vital no lance em que foi carregado em falta, deixando o Vitória só com dez.
Coates - Atento, com rigor posicional, o internacional uruguaio liderou a manobra defensiva até aos 64', quando saiu - já com 3-0 - para ser poupado a sobrecarga muscular.
Matheus Reis - Talvez a sua melhor partida desta época. Como central mais incursor. Deu a Porro hipótese de marcar (20'). Isolou Pedro Gonçalves (31'). Assistiu no primeiro golo (34').
Porro - Deu suplemento de vitalidade à equipa. Destacou-se sobretudo nos cruzamentos (18', 51', 55'). É dele o remate que, com emenda de Edwards, originou o primeiro golo.
Ugarte - Chegou e sobrou para travar as raras incursões ofensivas minhotas, instalando um tampão na linha do meio-campo. Missão cumprida: aos 64' deu lugar a Sotiris.
Morita - Veio de lesão em boa forma. Tentou o golo com remate forte (20') e meteu-a lá dentro, à ponta-de-lança (40'). Só fez a primeira parte, por precaução: estava amarelado.
Nazinho - Voltou a ser aposta como titular, na lateral esquerda. Vai ganhando experiência de jogo para jogo. Substituído cedo, logo aos 33', quando já jogávamos com um a mais.
Pedro Gonçalves - Regressou ao tridente ofensivo, alternando de ala com Arthur. Apático, continua sem se reencontrar com os golos. Teve a baliza à mercê (18'), mas atirou ao lado.
Arthur - Parece tão dinâmico à esquerda como à direita, como interior móvel. Manteve o reduto defensivo vitoriano em sobressalto, sobretudo no primeiro tempo.
Paulinho - Arrasta marcações, abre espaços lá na frente, mas continua a faltar-lhe o essencial: o golo. Desta vez até marcou, com um remate rasteiro, mas estava deslocado.
Edwards - Foi ele quem mais fez a diferença. Entrou aos 33' - no minuto seguinte abriu o marcador. Assistiu no segundo golo e marcou o terceiro. De longe o melhor em campo.
Rochinha - Substituiu Morita na segunda parte. Perdeu-se em acções inconsequentes. Protagonizou uma cena caricata ao colidir com Paulinho (85') à entrada da grande área.
Sofiris - Rendeu Ugarte aos 64'. Muito impulsivo, nota-se que anda cheio de vontade de mostrar serviço. Mas precisa de maior disciplina táctica e maior ponderação em campo.
St. Juste - O melhor dos suplentes. Bom no passe, na recuperação, no controlo posicional. Substituiu Coates aos 64', ajudando a fechar o caminho para a nossa baliza.
Trincão - Entrou aos 64', rendendo Porro. Mantém exibições muito abaixo das expectativas que gerou. Bom lance individual aos 69', mas insuficiente para merecer nota positiva.