Está no Governo a fazer o quê?
A 6 de Maio, o alegado secretário de Estado do Desporto garantia publicamente que a festa do título do Sporting estava a ser convenientemente preparada para não se registarem problemas de ordem pública nem riscos sanitários.
«Sabemos que será muito difícil evitar essas manifestações e o melhor é enquadrá-las e dar-lhes as melhores condições. É possível juntarmos pessoas com segurança», declarou o governante, confirmando ter havido reuniões nesse sentido entre a Câmara Municipal de Lisboa, o Ministério da Administração Interna, o comando das forças policiais e a Direcção do Sporting.
O Sporting cumpriu: não se registaram desacatos no interior das instalações do clube - única parcela que se encontra sob a sua jurisdição.
No espaço exterior aconteceu aquilo que sabemos: desacatos provocados por membros ligados à Juventude Leonina - que aparentemente tiveram autorização da Câmara, da Direcção-Geral da Saúde e da PSP para instalarem uma fan zon com ecrã gigante e bebidas à discrição no exterior do estádio - e reacção incompetente da polícia, que errou antes e errou depois. Demorou horas a assistir a tudo impávida e carregou desalmadamente quando a situação que devia prevenir já fugia por completo do seu controlo.
Agora o presidente da Câmara assobia para o lado, a senhora da DGS faz voto de silêncio, o ministro da Administração Interna finge-se de morto. Só o alegado secretário de Estado do Desporto, voltando a abrir a boca, confirma a sua total irrelevância: «O apelo que fiz a uma responsabilidade dos adeptos manifestamente não foi atendido.» E logo sacode a água do capote, dizendo nada ter a ver com o que aconteceu.
Apetece perguntar de novo: este senhor está no Governo a fazer o quê?